Credores preferem aprovar Plano Nelson Tanure do que liquidação da Oi, diz New York Times

Em reportagem exclusiva, via agência Reuters, o jornal The New York Times analisou na quarta-feira, dia 1º de Novembro, as possibilidades da Assembléia de Credores da Oi, marcada para o próximo dia 10, no Rio de Janeiro, citando quatro fontes envolvidas com a batalha em torno da tele, o NYT avalia que são maiores as chances de aprovação do plano alternativo de Nelson Tanure para tirar a Oi da Recuperação Judicial em que se encontra há 16 meses do que sua liquidação resultante de um impasse.

Assinada pelos jornalistas Gram Slattery e Tatiana Bautzer, com edição de Susan Thomas e Andrew Hay, a reportagem, divulgada pelo NYT como selo “Exclusivo”,
conclui:

“Se os credores não aceitarem a proposta de reestruturação, a Oi pode ser liquidada. Os principais detentores de títulos querem evitar isso a todo custo, disseram as fontes, pois poderiam perder muito mais no caso de a empresa ser liquidada do que se aceitarem os termos de Nelson Tanure.”

Reportagem original

Segue o texto em português na íntegra e as imagens da reportagem original:

Acionista da Oi busca apoio de fundos

Um acionista influente da Oi está trabalhando com os fundos de credores dos Estados Unidos e do Reino Unido para manter seu papel central na empresa de telecomunicações, que luta para sair de um processo de Recuperação Judicial, disseram quatro fontes.

Os fundos que formam o chamado G6, o menor grupo de detentores de obrigações da Oi, vão ajudar Nelson Tanure, que detém uma participação de 6,5% na Oi e exerce forte influência no conselho, a confrontar os planos de reestruturação rivais apresentados pelos dois maiores grupos detentores de títulos da companhia.

Fazem parte do G6 os fundos Solus Alternative Asset Management LP,o Attestor Capital LLP, o Centerbridge Partners LP, o Silver Point Capital LP e o Davidson Kempner Capital Management LPA.

A aliança de Tanure com esses fundos é uma mostra dos vínculos emaranhados que se formaram em torno da maior Recuperação Judicial da América Latina, que levou uma procissão de fundos de “hedge” e de “private equity” a mergulhar no processo, apenas para se retirar em seguida em meio à luta interna entre os credores e acionistas.

A aliança mostra o quanto os acionistas, como Nelson Tanure – que qualificou de “fundos abutres” os grandes grupos de credores – estão dispostos a fortalecer seu cacife antes da reunião de 10 de novembro em que os credores votarão em um plano para tirar a Oi do processo de Recuperação Judicial.

Negociações

Na medida em que as negociações sobre o futuro da Oi se intensificam às vésperas da reunião de novembro – que definirá se a companhia continua existindo nos moldes atuais – a grande questão é saber se os fundos do G6 ficarão mesmo ao lado de Nelson Tanure, segundo as fontes, já que pelo menos duas delas, por enquanto, retiraram seu apoio.

Um porta-voz de Nelson Tanure, que já investiu em empresas de petróleo e de mídia em dificuldades, garantiu o comprometimento dos fundos aliados e negou que qualquer um deles tenha retirado seu apoio.

“Eles (os fundos que nos apoiam) têm estratégias muito diferentes dos fundos abutres, que manipulam informações, motivados por interesses espúrios de obter ganhos de curto prazo”, disse o porta-voz.

Os fundos Solus, Silver Point e o grande personagem da disputa pelas dívidas soberanas e territoriais da Argentina e Porto Rico, o Davidson Kempner, recusaram-se a comentar. Attestor e Centerbridge não responderam aos pedidos por comentários.

Vergada sob uma dívida de 65,4 bilhões de reais (20 bilhões de dólares) a Oi, a quarta maior operadora do Brasil, está há 16 meses em processo de Recuperação judicial. Está em jogo o futuro da única operadora de telecomunicações de linha fixa com presença em um terço dos 5.500 municípios do Brasil.

TRILHAS DISTINTAS

As negociações para tirar a Oi da Recuperação Judicial correram basicamente em três faixas distintas, disseram as fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade da questão.

O chamado Grupo Ad Hoc de Bondholders da Oi e o International Bondholders Committee, que – junto com credores aliados – detêm cerca de 23 bilhões de reais em dívidas, reuniram-se repetidamente com a administração da Oi nas últimas duas semanas. Esses detentores de obrigações apresentaram uma proposta que os deixaria com 88% da Oi.

O governo, que está exposto a bilhões de dólares de dívidas da Oi através de bancos estaduais e multas regulatórias não remuneradas, formou um grupo de trabalho próprio para proteger seus interesses.

Na segunda-feira, a advogada geral da União ( ministra Grace Mendonça) se reunirá com representantes do fundo de capital privado americano TPG Capital Management LP e da estatal China Telecom Corp para tratar de uma possível oferta para a Oi, a ser feita depois de a companhia sair do processo de Recuperação Judicial, informou a mídia local.

Nelson Tanure – que já formou uma aliança com o acionista majoritário Pharol SGPS – está trabalhando com o G6, que tem apenas uma fração da dívida detida pelos principais grupos de credores. Sua proposta embute um desconto significativamente mais severo para os credores, disseram as fontes.

Se prevalecerem os termos do acordo de Nelson Tanure, a Oi precisaria remunerar substancialmente os fundos do G6, em troca do compromisso do grupo de injetar capital na tele, disseram as fontes.

Desembolso

As pessoas próximas aos outros grupos de credores dizem que os pagamentos aos integrantes do G6 podem chegar a 500 milhões de reais, mas pessoas relacionadas ao grupo de Tanure dizem que isso só aconteceria se a injeção de capital demorasse dois anos a se materializar. Um desembolso de curto prazo seria muito menor, de cerca de 20 milhões de reais, disse uma das fontes.

“A remuneração (ao G6) se refere apenas à mobilização de capital, algo comum nesses tipos de negociações”, disse o porta-voz de Nelson Tanure.

Não está claro o quão sólido é o bloco G6. Davidson Kempner e Silver Point Capital, disseram quatro fontes, pelo menos temporariamente, estão fora do acordo.

Mas as razões pelas quais os fundos teriam saído não estão claras. Uma fonte disse que se trata apenas de uma retirada estratégica temporária, com o objetivo de não restringir a capacidade dos fundos de negociar papéis da dívida da Oi ao mesmo tempo que negociam com a empresa.

O objetivo dos dois grupos é obter o apoio do maior número de credores possíveis na reunião de 10 de novembro no Rio de Janeiro.

Plano aprovado

Um plano aprovado pelo conselho da Oi no mês passado foi rejeitado pelos credores por dar muito controle à Societe Mondiale FIA, de Nelson Tanure, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto à Reuters.

O apoio do G6 ao plano alternativo de Nelson Tanure poderia mudar isso. Isso porque nas provisões na lei brasileira de falências está prevista a redução do limite necessário para a aprovação de um plano de reestruturação em certas situações, dizem os advogados envolvidos no acordo.

O juiz que supervisiona o processo de falência poderia decretar um “cram down” (imposição judicial), em que os credores em desacordo são obrigados a aceitar os termos com os quais a maioria concordou, acrescentaram os advogados.

Se os credores não aceitarem a proposta de reestruturação, a Oi pode ser liquidada. Os principais detentores de títulos querem evitar isso a todo custo, disseram as fontes, pois poderiam perder muito mais no caso de a empresa ser liquidada do que se aceitarem os termos de Nelson Tanure. (Reportagem de Gram Slattery e Tatiana Bautzer, edição de Susan Thomas e Andrew Hay)

Nelson Tanure

Fonte: Economia SC


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