Como as big techs estão vencendo a guerra por talentos em IA

Chame isso de variação Nadella. Pode soar como um movimento diabólico em uma partida de xadrez, mas na verdade é um termo útil para descrever a mais recente jogada corporativa calculada por Satya Nadella, CEO da Microsoft.

Empresas de tecnologia frequentemente tentam atrair equipes de funcionários talentosos por meio de chamados “acquihires”: adquirir uma startup para contratar as pessoas. A reviravolta inovadora de Nadella é contratar as pessoas e deixar a empresa para trás.

Nesta semana, a Microsoft anunciou que recrutou dois dos três fundadores da Inflection, uma das startups de IA mais importantes dos EUA, bem como muitos de seus 70 funcionários.

Mustafa Suleyman e Karén Simonyan agora supervisionarão a Microsoft IA, que será responsável pelos serviços de IA voltados para o consumidor, incluindo seu chatbot Copilot, o Bing e o Edge.

A mais recente onda de contratações da Microsoft, após seu investimento de US$ 13 bilhões na OpenAI e sua parceria mais recente com a Mistral da França, destaca a intenção da empresa de se aliar a startups de IA ambiciosas e dominar o mercado. A empresa também foi uma apoiadora inicial da Inflection.

A hiperatividade da empresa, repleta de muito alarde de investidores sobre IA, ajudou a Microsoft a ressurgir como a empresa de capital mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de US$ 3,1 trilhões. Mais uma vez, a Microsoft deixou seu arquirrival Google para trás.

A movimentação da Microsoft ilustra a corrida pelos melhores pesquisadores entre as maiores empresas de tecnologia do mundo, à medida que reivindicam seu espaço na futura economia de IA.

Mesmo engenheiros relativamente juniores nas principais empresas de pesquisa que estão desenvolvendo modelos de IA fundamentais, como OpenAI, DeepMind e Anthropic, podem receber salários de sete dígitos e são bombardeados com ofertas de emprego sempre que se conectam ao LinkedIn. Engenheiros mais experientes podem ganhar até US$ 10 milhões.

“Não há dúvida de que há uma enorme guerra por talentos”, diz Jordan Jacobs, sócio da Radical Ventures, que investiu em cerca de 50 startups de IA globalmente.

“No topo da pirâmide estão as pessoas que podem construir modelos fundamentais e fazê-los funcionar. Há muito poucas pessoas que podem fazer isso de forma eficaz e há companhias que pagarão uma fortuna para que o façam.”

Desvendando IA

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Mas também é um sinal adicional de que a economia emergente de IA provavelmente será dominada pelas gigantes de tecnologia dos EUA, que têm o dinheiro, capital humano e infraestrutura de computação em nuvem necessários para treinar modelos de ponta, como o GPT-4 da OpenAI e o Gemini do Google.

Suleyman é uma contratação valiosa, porém controversa, para a Microsoft. Uma voz proeminente na revolução da IA, ele foi um dos três fundadores da DeepMind, a pioneira empresa de pesquisa em IA com sede em Londres comprada pelo Google em 2014.

Ele diz estar animado com a oportunidade de se juntar à Microsoft para levar serviços de IA a mais de 1 bilhão de usuários de forma responsável.

No entanto, Suleyman tem um passado conturbado. Ele deixou a DeepMind em 2019 após uma investigação independente sobre acusações de bullying e assédio contra ele. Suleyman pediu desculpas publicamente por seu comportamento, dizendo em uma entrevista gravada que ele “realmente estragou tudo” e era “muito exigente e bastante implacável”.

Sua expertise também está no desenvolvimento de produtos e políticas, em vez de pesquisa. Mas com Simonyan, outro cofundador e cientista-chefe da Inflection, a Microsoft ganha um dos principais pesquisadores de IA do mundo.

Como cientista principal da DeepMind, ele ajudou a pioneira no poderoso modelo AlphaZero e passou a construir uma equipe impressionante de pesquisadores na Inflection. A maioria deles provavelmente seguirá Simonyan para a Microsoft.

Kevin Scott, diretor de tecnologia da Microsoft, diz que os funcionários da Inflection que estão se juntando à Microsoft têm uma sensibilidade muito boa para criar modelos de IA de ponta e adaptá-los a diferentes contextos. “Você só precisa de muito talento”, disse.

Não está claro o que acontecerá com a Inflection, uma vez vista como uma das startups de IA mais emocionantes e bem financiadas do mundo depois de lançar o chatbot Pi no ano passado.

Em junho, a Inflection levantou US$ 1,3 bilhão de vários investidores proeminentes, como Microsoft, Nvidia, Bill Gates e Reid Hoffman, que foi o terceiro cofundador da Inflection, mas é mais conhecido como cofundador do LinkedIn e parte do conselho da Microsoft.

No entanto, o chatbot da Inflection não conseguiu ganhar tração com os usuários e, na ausência de um modelo de negócios viável, os poucos funcionários restantes agora buscarão vender sua tecnologia para clientes corporativos.

Em uma análise das estimativas de tráfego da startup para fevereiro, o analista de tecnologia independente Ben Thompson escreveu que os “números de uso relativamente baixos”, especialmente dadas as despesas de treinamento de seus modelos, eram “catastróficos”. Em sua avaliação, a Inflection era uma “empresa fracassada”.

Segundo a Inflection, tanto a empresa quanto seus investidores se beneficiarão de um novo acordo de licenciamento com a Microsoft. Os acionistas também serão integralmente reembolsados e receberão mais do que seu capital investido de volta, diz a empresa.

Em uma era diferente, as grandes empresas de tecnologia poderiam ter comprado uma startup como a Inflection diretamente, mas parecem relutantes em lançar ofertas de aquisição hoje, dada a atividade antitruste do governo Biden.

Em vez disso, Microsoft, Google, Nvidia e Amazon estão entre os investidores mais ativos em startups de IA, muitas vezes trocando acesso a poder de computação e microchips sofisticados por uma participação financeira nessas empresas.

A emergência dessa rede interconectada de empresas e startups já atraiu a atenção dos reguladores. Em janeiro, a Comissão Federal de Comércio dos EUA lançou uma investigação sobre cinco empresas de tecnologia que atuam nesse campo.

“Nosso estudo vai esclarecer se os investimentos e parcerias perseguidos por empresas dominantes correm o risco de distorcer a inovação e minar a concorrência justa”, escreveu a presidente da FTC, Lina Khan.

Alguns investidores de capital de risco ficarão desapontados se não puderem sair de seus investimentos em startups por meio de aquisições, como têm feito no passado.

Mesmo assim, muitos ainda estão felizes em financiar startups que exploram a indústria de IA. Enquanto as grandes empresas se concentram em construir modelos gerais, as startups podem ajudar a atender às necessidades comerciais mais específicas de clientes.

“Escrever um poema sobre seu cachorro na voz de Donald Trump requer um modelo de IA enorme. Mas se você está focando no lado empresarial, então pode treinar um modelo muito menor e fazê-lo funcionar melhor para uma necessidade específica”, diz Jacobs, da Radical Ventures.

A competição por esse nível de talento é intensa. O fundo de Jacobs tem uma equipe interna dedicada que busca especialistas em IA em todo o mundo para se juntarem às empresas de seu portfólio.

Canadá, Singapura e Emirados Árabes Unidos também têm tentado atrair startups promissoras de IA na Europa.

No entanto, embora as cinco grandes empresas de tecnologia dos EUA com bolsos fundos —Amazon, Apple, Google, Meta e Microsoft— possam parecer estar na melhor posição para atrair os melhores talentos, nem todos querem trabalhar para um grande negócio na costa oeste. A variação Nadella tem seus limites.

A empresa de pesquisa Zeki, que rastreia os 140 mil principais cientistas e engenheiros de IA em 20 mil empresas em mais de 90 países, descobriu um desejo crescente entre muitos de trabalhar fora dos EUA. Eles também são atraídos por empresas mais tradicionais nos setores de saúde, bancário ou manufatureiro ou querem se juntar a uma startup.

Os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, vários países nórdicos e a Coreia do Sul surgiram como importadores de cientistas de IA, com mais deles se mudando para seus países para trabalhar do que saindo deles.

Alguns campeões nacionais, como a Siemens na Alemanha, a Samsung na Coreia do Sul e a ASML na Holanda, também se tornaram grandes empregadores de engenheiros de IA.

No geral, as 10 mil pequenas empresas no banco de dados da Zeki contratam mais talentos de IA de ponta do que as cinco grandes combinadas.

“A história completa é essa mudança de cenário sob as cinco grandes à medida que o mundo da IA se aprofunda e se diversifica longe dos EUA”, diz Tom Hurd, cofundador da Zeki.

Mesmo tendo pulado para duas grandes empresas de tecnologia após cofundar duas startups de IA, Suleyman acredita que ainda há muitas oportunidades para empresas pequenas que podem “crescer rapidamente, ser criativas e inventar coisas que as grandes empresas nem sequer pensaram ser possíveis”.

“É hipercompetitivo em ambos os extremos do espectro”, diz ele. “Na escala das pequenas startups, todo mundo está a todo vapor em termos de criatividade. E no extremo oposto todos estão competindo também. Acho que é um momento ferozmente competitivo para se trabalhar com tecnologia.”

Projetos ajudam mulheres a encontrar autonomia no empreendedorismo

O empreendedorismo é um caminho escolhido por um número cada vez maior de mulheres que querem ganhar autonomia, sair de ciclos de violência e tornarem-se donas do próprio destino. No Distrito Federal, projetos liderados por mulheres têm o propósito de ajudar outras mulheres a empreender de maneira responsável para elas seguirem os sonhos usando a própria mão de obra e o talento. O Correio conversou com Katia Ferreira, Celina Bessa e Weimma Anita, três incentivadoras que estão à frente de diferentes projetos com um objetivo comum: encorajar e capacitar outras mulheres a seguir o caminho de criar a própria fonte de renda.

“Eu sempre quis fazer a diferença”, é com essa frase que a fundadora do Instituto Proeza, Katia Ferreira, descreve o seu propósito. Há 21 anos, ela trabalha com milhares de mulheres na região do Recanto das Emas e Riacho Fundo II no combate à pobreza e às desigualdades sociais com ações e estratégias que promovem o Serviço de Fortalecimento de Vínculos e Igualdade de Gênero por meio de iniciativas comunitárias. Entre as principais ações do instituto, está o oferecimento de cursos gratuitos de bordado e crochê juntamente com atendimento psicológico, também sem custos, para todas as alunas. A ação de incentivo ao estímulo de habilidades, aliada ao cuidado com a saúde mental, tem ajudado mulheres a sair de situações de vulnerabilidade e a conquistar a própria fonte de renda.

Celina Bessa fundou o primeiro espaço de trabalho só para mulheres da Região Centro-Oeste

Segundo Katia, mais da metade das 106 mulheres atendidas pelo Instituto Proeza fazem parte de estruturas familiares nas quais a mulher é a responsável pelo sustento do lar. “É nesse contexto em que estão as que vivem em situação de maior pobreza. Aqui, nós as ajudamos a construírem um projeto de vida, estabelecerem metas e saírem da situação em que se encontram. Buscamos dar capacitação focada no trabalho”, explica. “Trabalhamos com mulheres beneficiárias de programas sociais e as ajudamos a empreenderem”, completa.

O Proeza trabalha em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que encaminham mulheres em situação de vulnerabilidade ao instituto para terem acesso aos cursos e atendimentos. “Montamos um grupo para trabalho com cenografia em crochê. Já fizemos a cenografia de uma série de eventos grandes, além de galerias da Embratur em países como França, Itália e Inglaterra. Nós também encapamos as embaixadas brasileiras em Roma e Londres com crochê”, orgulha-se.

Para empreender, entretanto, além de habilidade para produzir algum produto ou desenvolver algum serviço, é preciso entender os caminhos burocráticos para profissionalizar a atividade. É ensinando a empreender que a assistente social Wemmia Anita, 34 anos, ajuda outras mulheres. Associada do Instituto Afrolatinas — organização de mulheres negras brasileiras que atuam nas artes, memória, educação e gestão —, Wemmia ajuda mulheres que estão em momento de reestruturação de carreira ou em busca do empreendedorismo. Ela está à frente do curso de empreendedorismo afro, ofertado gratuitamente no âmbito do projeto Afro em Movimento, cuja segunda edição foi lançada ontem e vai até o final de maio. As interessadas podem se inscrever gratuitamente até 7 de abril pelo Instagram @afroemmovimentodf ou pelo site www.afroemmovimento.com.br.

“Ajudar mulheres que trabalham vendendo algum produto ou serviço a se tornarem empreendedoras de fato é uma forma de gerar autoestima e perspectiva de trabalho e de renda. Quando elas veem aquela atividade se tornar um modelo de negócio de fato, elas se sentem empoderadas”, descreve Wemmia. “Na maioria das vezes, as mulheres já têm uma ideia de negócio, seja produto ou serviço, e já começou a validar isso na própria comunidade, com a vizinhança. A partir do momento que ela adquire uma mente empreendedora, ela consegue se reestruturar e se reconfigurar no mundo. É pensar e agir a partir da perspectiva do sonho”, acrescenta.

Para começar a empreender, principalmente no setor de serviços, é preciso um investimento inicial, além de recursos que nem todas as mulheres conseguem ter acesso no início. Foi pensando nesse gargalo que a empreendedora Celina Bessa, 39, fundou um espaço de coworking só para mulheres em Águas Claras, o primeiro do gênero no Centro-Oeste. “Na pandemia, comecei a observar cada vez mais mulheres se lançando no empreendedorismo que chamamos de guerrilha, aquele exercido por necessidade. Aos poucos, fui percebendo que elas continuavam e foram se estabelecendo nesse caminho”, conta.

O espaço, denominado Blaze Coworking, conta com 25 salas para atividades diversas, como reuniões, palestras, sessões de fisioterapia, massagem e beleza. Os espaços podem ser alugados por hora e são ofertados valores sociais como forma de incentivar as mulheres a empreender. No local, trabalha uma equipe 100% feminina. “Trabalhar em um ambiente compartilhado tira a sensação de estar empreendendo sozinha. Cria uma comunidade, possibilita networking e troca de experiências. Essa troca e senso de comunidade é crucial para o desenvolvimento da sociedade”, ressalta Celina. “Além disso, as mulheres que empreendem, assim como eu, adquirem a tendência de contratarem mais mulheres, o que acaba fortalecendo umas às outras”, finaliza.

Projetos ajudam mulheres a encontrar autonomia no empreendedorismo

O empreendedorismo é um caminho escolhido por um número cada vez maior de mulheres que querem ganhar autonomia, sair de ciclos de violência e tornarem-se donas do próprio destino. No Distrito Federal, projetos liderados por mulheres têm o propósito de ajudar outras mulheres a empreender de maneira responsável para elas seguirem os sonhos usando a própria mão de obra e o talento. O Correio conversou com Katia Ferreira, Celina Bessa e Weimma Anita, três incentivadoras que estão à frente de diferentes projetos com um objetivo comum: encorajar e capacitar outras mulheres a seguir o caminho de criar a própria fonte de renda.

“Eu sempre quis fazer a diferença”, é com essa frase que a fundadora do Instituto Proeza, Katia Ferreira, descreve o seu propósito. Há 21 anos, ela trabalha com milhares de mulheres na região do Recanto das Emas e Riacho Fundo II no combate à pobreza e às desigualdades sociais com ações e estratégias que promovem o Serviço de Fortalecimento de Vínculos e Igualdade de Gênero por meio de iniciativas comunitárias. Entre as principais ações do instituto, está o oferecimento de cursos gratuitos de bordado e crochê juntamente com atendimento psicológico, também sem custos, para todas as alunas. A ação de incentivo ao estímulo de habilidades, aliada ao cuidado com a saúde mental, tem ajudado mulheres a sair de situações de vulnerabilidade e a conquistar a própria fonte de renda.

Celina Bessa fundou o primeiro espaço de trabalho só para mulheres da Região Centro-Oeste

Segundo Katia, mais da metade das 106 mulheres atendidas pelo Instituto Proeza fazem parte de estruturas familiares nas quais a mulher é a responsável pelo sustento do lar. “É nesse contexto em que estão as que vivem em situação de maior pobreza. Aqui, nós as ajudamos a construírem um projeto de vida, estabelecerem metas e saírem da situação em que se encontram. Buscamos dar capacitação focada no trabalho”, explica. “Trabalhamos com mulheres beneficiárias de programas sociais e as ajudamos a empreenderem”, completa.

O Proeza trabalha em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que encaminham mulheres em situação de vulnerabilidade ao instituto para terem acesso aos cursos e atendimentos. “Montamos um grupo para trabalho com cenografia em crochê. Já fizemos a cenografia de uma série de eventos grandes, além de galerias da Embratur em países como França, Itália e Inglaterra. Nós também encapamos as embaixadas brasileiras em Roma e Londres com crochê”, orgulha-se.

Para empreender, entretanto, além de habilidade para produzir algum produto ou desenvolver algum serviço, é preciso entender os caminhos burocráticos para profissionalizar a atividade. É ensinando a empreender que a assistente social Wemmia Anita, 34 anos, ajuda outras mulheres. Associada do Instituto Afrolatinas — organização de mulheres negras brasileiras que atuam nas artes, memória, educação e gestão —, Wemmia ajuda mulheres que estão em momento de reestruturação de carreira ou em busca do empreendedorismo. Ela está à frente do curso de empreendedorismo afro, ofertado gratuitamente no âmbito do projeto Afro em Movimento, cuja segunda edição foi lançada ontem e vai até o final de maio. As interessadas podem se inscrever gratuitamente até 7 de abril pelo Instagram @afroemmovimentodf ou pelo site www.afroemmovimento.com.br.

“Ajudar mulheres que trabalham vendendo algum produto ou serviço a se tornarem empreendedoras de fato é uma forma de gerar autoestima e perspectiva de trabalho e de renda. Quando elas veem aquela atividade se tornar um modelo de negócio de fato, elas se sentem empoderadas”, descreve Wemmia. “Na maioria das vezes, as mulheres já têm uma ideia de negócio, seja produto ou serviço, e já começou a validar isso na própria comunidade, com a vizinhança. A partir do momento que ela adquire uma mente empreendedora, ela consegue se reestruturar e se reconfigurar no mundo. É pensar e agir a partir da perspectiva do sonho”, acrescenta.

Para começar a empreender, principalmente no setor de serviços, é preciso um investimento inicial, além de recursos que nem todas as mulheres conseguem ter acesso no início. Foi pensando nesse gargalo que a empreendedora Celina Bessa, 39, fundou um espaço de coworking só para mulheres em Águas Claras, o primeiro do gênero no Centro-Oeste. “Na pandemia, comecei a observar cada vez mais mulheres se lançando no empreendedorismo que chamamos de guerrilha, aquele exercido por necessidade. Aos poucos, fui percebendo que elas continuavam e foram se estabelecendo nesse caminho”, conta.

O espaço, denominado Blaze Coworking, conta com 25 salas para atividades diversas, como reuniões, palestras, sessões de fisioterapia, massagem e beleza. Os espaços podem ser alugados por hora e são ofertados valores sociais como forma de incentivar as mulheres a empreender. No local, trabalha uma equipe 100% feminina. “Trabalhar em um ambiente compartilhado tira a sensação de estar empreendendo sozinha. Cria uma comunidade, possibilita networking e troca de experiências. Essa troca e senso de comunidade é crucial para o desenvolvimento da sociedade”, ressalta Celina. “Além disso, as mulheres que empreendem, assim como eu, adquirem a tendência de contratarem mais mulheres, o que acaba fortalecendo umas às outras”, finaliza.

Projetos ajudam mulheres a encontrar autonomia no empreendedorismo

O empreendedorismo é um caminho escolhido por um número cada vez maior de mulheres que querem ganhar autonomia, sair de ciclos de violência e tornarem-se donas do próprio destino. No Distrito Federal, projetos liderados por mulheres têm o propósito de ajudar outras mulheres a empreender de maneira responsável para elas seguirem os sonhos usando a própria mão de obra e o talento. O Correio conversou com Katia Ferreira, Celina Bessa e Weimma Anita, três incentivadoras que estão à frente de diferentes projetos com um objetivo comum: encorajar e capacitar outras mulheres a seguir o caminho de criar a própria fonte de renda.

“Eu sempre quis fazer a diferença”, é com essa frase que a fundadora do Instituto Proeza, Katia Ferreira, descreve o seu propósito. Há 21 anos, ela trabalha com milhares de mulheres na região do Recanto das Emas e Riacho Fundo II no combate à pobreza e às desigualdades sociais com ações e estratégias que promovem o Serviço de Fortalecimento de Vínculos e Igualdade de Gênero por meio de iniciativas comunitárias. Entre as principais ações do instituto, está o oferecimento de cursos gratuitos de bordado e crochê juntamente com atendimento psicológico, também sem custos, para todas as alunas. A ação de incentivo ao estímulo de habilidades, aliada ao cuidado com a saúde mental, tem ajudado mulheres a sair de situações de vulnerabilidade e a conquistar a própria fonte de renda.

Celina Bessa fundou o primeiro espaço de trabalho só para mulheres da Região Centro-Oeste

Segundo Katia, mais da metade das 106 mulheres atendidas pelo Instituto Proeza fazem parte de estruturas familiares nas quais a mulher é a responsável pelo sustento do lar. “É nesse contexto em que estão as que vivem em situação de maior pobreza. Aqui, nós as ajudamos a construírem um projeto de vida, estabelecerem metas e saírem da situação em que se encontram. Buscamos dar capacitação focada no trabalho”, explica. “Trabalhamos com mulheres beneficiárias de programas sociais e as ajudamos a empreenderem”, completa.

O Proeza trabalha em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que encaminham mulheres em situação de vulnerabilidade ao instituto para terem acesso aos cursos e atendimentos. “Montamos um grupo para trabalho com cenografia em crochê. Já fizemos a cenografia de uma série de eventos grandes, além de galerias da Embratur em países como França, Itália e Inglaterra. Nós também encapamos as embaixadas brasileiras em Roma e Londres com crochê”, orgulha-se.

Para empreender, entretanto, além de habilidade para produzir algum produto ou desenvolver algum serviço, é preciso entender os caminhos burocráticos para profissionalizar a atividade. É ensinando a empreender que a assistente social Wemmia Anita, 34 anos, ajuda outras mulheres. Associada do Instituto Afrolatinas — organização de mulheres negras brasileiras que atuam nas artes, memória, educação e gestão —, Wemmia ajuda mulheres que estão em momento de reestruturação de carreira ou em busca do empreendedorismo. Ela está à frente do curso de empreendedorismo afro, ofertado gratuitamente no âmbito do projeto Afro em Movimento, cuja segunda edição foi lançada ontem e vai até o final de maio. As interessadas podem se inscrever gratuitamente até 7 de abril pelo Instagram @afroemmovimentodf ou pelo site www.afroemmovimento.com.br.

“Ajudar mulheres que trabalham vendendo algum produto ou serviço a se tornarem empreendedoras de fato é uma forma de gerar autoestima e perspectiva de trabalho e de renda. Quando elas veem aquela atividade se tornar um modelo de negócio de fato, elas se sentem empoderadas”, descreve Wemmia. “Na maioria das vezes, as mulheres já têm uma ideia de negócio, seja produto ou serviço, e já começou a validar isso na própria comunidade, com a vizinhança. A partir do momento que ela adquire uma mente empreendedora, ela consegue se reestruturar e se reconfigurar no mundo. É pensar e agir a partir da perspectiva do sonho”, acrescenta.

Para começar a empreender, principalmente no setor de serviços, é preciso um investimento inicial, além de recursos que nem todas as mulheres conseguem ter acesso no início. Foi pensando nesse gargalo que a empreendedora Celina Bessa, 39, fundou um espaço de coworking só para mulheres em Águas Claras, o primeiro do gênero no Centro-Oeste. “Na pandemia, comecei a observar cada vez mais mulheres se lançando no empreendedorismo que chamamos de guerrilha, aquele exercido por necessidade. Aos poucos, fui percebendo que elas continuavam e foram se estabelecendo nesse caminho”, conta.

O espaço, denominado Blaze Coworking, conta com 25 salas para atividades diversas, como reuniões, palestras, sessões de fisioterapia, massagem e beleza. Os espaços podem ser alugados por hora e são ofertados valores sociais como forma de incentivar as mulheres a empreender. No local, trabalha uma equipe 100% feminina. “Trabalhar em um ambiente compartilhado tira a sensação de estar empreendendo sozinha. Cria uma comunidade, possibilita networking e troca de experiências. Essa troca e senso de comunidade é crucial para o desenvolvimento da sociedade”, ressalta Celina. “Além disso, as mulheres que empreendem, assim como eu, adquirem a tendência de contratarem mais mulheres, o que acaba fortalecendo umas às outras”, finaliza.

Startup Summit 2024: saiba tudo sobre o evento em Florianópolis

A edição de 2024 do Startup Summit está marcada para ocorrer nos dias 14, 15 e 16 de agosto, em Florianópolis, e os ingressos já estão disponíveis para compra. Espera-se que o evento reúna cerca de 10 mil participantes, incluindo 200 palestrantes, 150 expositores e 250 fundos de Venture Capital, além de mais de 3 mil startups.

Leia a matéria completa no nosso parceiro Tecnologia – Capitalist

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Projeto Afro em movimento promove capacitação para empreendedores do DF

A segunda edição do Afro em movimento, realizada pelo Instituto Janelas da arte, cidadania e sustentabilidade, terá o Laboratório afro, com formação e qualificação para empreendedores negros. Na quinta-feira (21/3), será realizado o lançamento oficial do projeto e abertura das inscrições, no Sesc da 504 Sul, a partir das 19h, com acesso gratuito. O evento também será transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do projeto.

Serão ofertados os cursos: Empreendedorismo afro, Design & Tecnologia, Negócios digitais, Digitalmente descomplicado — básico de marketing digital e Seu negócio on-line — website. Todas as atividades são gratuitas e on-line e as vagas, limitadas. Os interessados podem se inscrever gratuitamente durante até 7 de abril pelo Instagram @afroemmovimentodf ou pelo site www.afroemmovimento.com.br.

A programação se estenderá até maio, com feira de empreendedorismo afro, masterclasses presenciais para encerramento dos cursos e apresentações artísticas ligadas à cultura negra no DF. “O projeto visa fomentar as discussões acerca das desigualdades raciais e criar oportunidade de renda e inserção de pessoas negras no mercado de trabalho”, explica Lorena Oliveira, presidente do Instituto Janela das Artes, em nota. Afro em movimento possui apoio do Sesc-DF e patrocínio da Neoenergia por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Distrito Federal (LIC).

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Projeto Afro em movimento promove capacitação para empreendedores do DF

A segunda edição do Afro em movimento, realizada pelo Instituto Janelas da arte, cidadania e sustentabilidade, terá o Laboratório afro, com formação e qualificação para empreendedores negros. Na quinta-feira (21/3), será realizado o lançamento oficial do projeto e abertura das inscrições, no Sesc da 504 Sul, a partir das 19h, com acesso gratuito. O evento também será transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do projeto.

Serão ofertados os cursos: Empreendedorismo afro, Design & Tecnologia, Negócios digitais, Digitalmente descomplicado — básico de marketing digital e Seu negócio on-line — website. Todas as atividades são gratuitas e on-line e as vagas, limitadas. Os interessados podem se inscrever gratuitamente durante até 7 de abril pelo Instagram @afroemmovimentodf ou pelo site www.afroemmovimento.com.br.

A programação se estenderá até maio, com feira de empreendedorismo afro, masterclasses presenciais para encerramento dos cursos e apresentações artísticas ligadas à cultura negra no DF. “O projeto visa fomentar as discussões acerca das desigualdades raciais e criar oportunidade de renda e inserção de pessoas negras no mercado de trabalho”, explica Lorena Oliveira, presidente do Instituto Janela das Artes, em nota. Afro em movimento possui apoio do Sesc-DF e patrocínio da Neoenergia por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Distrito Federal (LIC).

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Pedidos de licença-maternidade por MEIs crescem 162,5% em 8 anos

Mesmo com um trabalho informal, Fabiana Lopes Chaves de Miranda, de 39 anos, pôde tirar licença-maternidade pelos quatro primeiros meses de vida do segundo filho. O registro de Microempreendedora Individual (MEI) garantiu o auxílio no período e a possibilidade de cuidar da criança durante 120 dias sem precisar voltar ao trabalho.

Nos últimos anos, o número de pedidos de salário-maternidade ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por microempreendedoras individuais como Fabiana aumentou. Em 2023, foram 86.309 solicitações. Em comparação, 2015 teve 32.876 pedidos. O aumento, nesse período de oito anos, foi de 162,5%.

Apesar do crescimento, o benefício ainda não alcança a base mais vulnerável das mulheres na informalidade. Também trabalhadora informal, Taís Ferreira, hoje com 46 anos, voltou a trabalhar 45 dias após o parto. Ela não tinha CNPJ ou carteira assinada e até então vivia com o ex-companheiro. Após a separação, ela se viu forçada a retornar ao mercado de trabalho com um recém-nascido.

A consultora em empreendedorismo Marcele Porto diz que a obrigatoriedade de pagar no mínimo dez meses do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), no valor de até R$ 76,60 por mês, impede que muitas mulheres tenham o cadastro e, por consequência, o direito à licença.

Segundo ela, o perfil das mulheres que conseguem o MEI são as que têm marido, geralmente com carteira assinada, o que garante a estabilidade necessária para que consigam pagar o DAS.

“De alguma forma, ela tem uma organização que permite que separe esses recursos para conseguir pagar a contribuição. Infelizmente, essa não é a realidade da grande parte das empreendedoras do nosso País.”

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) compilados pela economista Janaína Feijó, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a pedido do Estadão, mostram que mulheres que trabalham por conta própria sem CNPJ recebem menos do que a metade da média salarial das MEIs. No segundo trimestre de 2023, mulheres com CNPJ tinham uma renda média de R$ 3.438, enquanto as sem CNPJ ganhavam R$ 1.609.

SEGURANÇA

A economista afirma que o cadastro como MEI ainda oferece alguma segurança, como aposentadoria de um salário mínimo. Mas aquelas que não têm nenhum registro de trabalho ficam totalmente desprotegidas.

Além da assimetria salarial, empreendedoras que trabalham como pessoas físicas concentram uma proporção maior de mães solo. Enquanto o número de mulheres na informalidade sem CNPJ é 2,5 vezes maior do que as com CNPJ, ao comparar o número de mães solo em cada categoria, essa diferença é cinco vezes maior. A renda de mães solo com CNPJ com filhos entre zero e 12 anos chega a ser 138% maior do que a das que não têm CNPJ.

Para mães solo que, geralmente, precisam arcar com todas as despesas e que não contam com uma rede de apoio, o investimento na seguridade social vai para o fim da lista.

Quando foi morar de favor na casa de uma amiga, 45 dias após o nascimento do filho, Taís Ferreira voltou a fazer mega hair. Atendia as clientes em casa e no salão de beleza com a criança ao lado. “Eu botava ele no carrinho, ficava ninando e parava de amamentar.”

A renda na casa dela, que nunca teve a carteira assinada, vem atualmente da revenda de polpas e frutas congeladas que sustenta cinco pessoas. O valor não ultrapassa os R$ 2 mil mensais. Taís faz a venda dos produtos por meio do WhatsApp e do Instagram. Ela chegou a abrir uma loja física em seu bairro, com o aluguel bancado pelo fornecedor das polpas, mas o negócio não prosperou.

Já Fabiana Miranda ganhava cerca de um salário mínimo com costura de roupas de festas e fantasias para crianças na época em que teve seu segundo filho. A possibilidade de continuar a receber o mesmo valor quatro meses após o nascimento da criança foi determinante para que ela escolhesse engravidar novamente, em 2016. Ela conta que o processo de solicitação do benefício foi fácil. Precisou ir a uma agência do INSS uma única vez com a documentação necessária para receber o auxílio.

DESIGUALDADE

A coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia (NPGE) da Universidade Federal Fluminense, Lucilene Morandi, avalia que a quantidade de pedidos de salário-maternidade ainda é baixa em comparação com o número de informais no País. A Pnad Contínua do segundo trimestre de 2023 mostrou que 39,2% da população ocupada estava na informalidade.

“Temos de lembrar que isso reduz muito pouco a desigualdade, porque esse aumento da busca do auxílio ainda implica a participação de um grupo de pessoas que está de alguma forma com uma renda maior”, diz. Segundo Lucilene, a atual estrutura do mercado de trabalho reproduz a ideia de que as pessoas precisam se virar para sobreviver.

Dados da Pnad Contínua mostram que o número de mulheres com CNPJ no segundo trimestre de 2023 cresceu cerca de 31% ante o mesmo período de 2019. Em relação à taxa de ocupados, a proporção de mulheres com CNPJ passou de 4,4% no segundo trimestre de 2019 para 5,5% neste ano.

Apesar da perda de benefícios, como FGTS, 13.º e férias remuneradas, a informalidade tem sido uma forma de mães permanecerem no mercado de trabalho, como afirma a economista Janaína Feijó.

“A maternidade requer delas uma atenção e um cuidado especiais. Só que muitas precisam oferecer algum tipo de renda, aí vão para a informalidade”, explica, lembrando que a jornada dos trabalhadores de carteira assinada é mais rígida do que a informalidade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Pedidos de licença-maternidade por MEIs crescem 162,5% em 8 anos

Mesmo com um trabalho informal, Fabiana Lopes Chaves de Miranda, de 39 anos, pôde tirar licença-maternidade pelos quatro primeiros meses de vida do segundo filho. O registro de Microempreendedora Individual (MEI) garantiu o auxílio no período e a possibilidade de cuidar da criança durante 120 dias sem precisar voltar ao trabalho.

Nos últimos anos, o número de pedidos de salário-maternidade ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por microempreendedoras individuais como Fabiana aumentou. Em 2023, foram 86.309 solicitações. Em comparação, 2015 teve 32.876 pedidos. O aumento, nesse período de oito anos, foi de 162,5%.

Apesar do crescimento, o benefício ainda não alcança a base mais vulnerável das mulheres na informalidade. Também trabalhadora informal, Taís Ferreira, hoje com 46 anos, voltou a trabalhar 45 dias após o parto. Ela não tinha CNPJ ou carteira assinada e até então vivia com o ex-companheiro. Após a separação, ela se viu forçada a retornar ao mercado de trabalho com um recém-nascido.

A consultora em empreendedorismo Marcele Porto diz que a obrigatoriedade de pagar no mínimo dez meses do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), no valor de até R$ 76,60 por mês, impede que muitas mulheres tenham o cadastro e, por consequência, o direito à licença.

Segundo ela, o perfil das mulheres que conseguem o MEI são as que têm marido, geralmente com carteira assinada, o que garante a estabilidade necessária para que consigam pagar o DAS.

“De alguma forma, ela tem uma organização que permite que separe esses recursos para conseguir pagar a contribuição. Infelizmente, essa não é a realidade da grande parte das empreendedoras do nosso País.”

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) compilados pela economista Janaína Feijó, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a pedido do Estadão, mostram que mulheres que trabalham por conta própria sem CNPJ recebem menos do que a metade da média salarial das MEIs. No segundo trimestre de 2023, mulheres com CNPJ tinham uma renda média de R$ 3.438, enquanto as sem CNPJ ganhavam R$ 1.609.

SEGURANÇA

A economista afirma que o cadastro como MEI ainda oferece alguma segurança, como aposentadoria de um salário mínimo. Mas aquelas que não têm nenhum registro de trabalho ficam totalmente desprotegidas.

Além da assimetria salarial, empreendedoras que trabalham como pessoas físicas concentram uma proporção maior de mães solo. Enquanto o número de mulheres na informalidade sem CNPJ é 2,5 vezes maior do que as com CNPJ, ao comparar o número de mães solo em cada categoria, essa diferença é cinco vezes maior. A renda de mães solo com CNPJ com filhos entre zero e 12 anos chega a ser 138% maior do que a das que não têm CNPJ.

Para mães solo que, geralmente, precisam arcar com todas as despesas e que não contam com uma rede de apoio, o investimento na seguridade social vai para o fim da lista.

Quando foi morar de favor na casa de uma amiga, 45 dias após o nascimento do filho, Taís Ferreira voltou a fazer mega hair. Atendia as clientes em casa e no salão de beleza com a criança ao lado. “Eu botava ele no carrinho, ficava ninando e parava de amamentar.”

A renda na casa dela, que nunca teve a carteira assinada, vem atualmente da revenda de polpas e frutas congeladas que sustenta cinco pessoas. O valor não ultrapassa os R$ 2 mil mensais. Taís faz a venda dos produtos por meio do WhatsApp e do Instagram. Ela chegou a abrir uma loja física em seu bairro, com o aluguel bancado pelo fornecedor das polpas, mas o negócio não prosperou.

Já Fabiana Miranda ganhava cerca de um salário mínimo com costura de roupas de festas e fantasias para crianças na época em que teve seu segundo filho. A possibilidade de continuar a receber o mesmo valor quatro meses após o nascimento da criança foi determinante para que ela escolhesse engravidar novamente, em 2016. Ela conta que o processo de solicitação do benefício foi fácil. Precisou ir a uma agência do INSS uma única vez com a documentação necessária para receber o auxílio.

DESIGUALDADE

A coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia (NPGE) da Universidade Federal Fluminense, Lucilene Morandi, avalia que a quantidade de pedidos de salário-maternidade ainda é baixa em comparação com o número de informais no País. A Pnad Contínua do segundo trimestre de 2023 mostrou que 39,2% da população ocupada estava na informalidade.

“Temos de lembrar que isso reduz muito pouco a desigualdade, porque esse aumento da busca do auxílio ainda implica a participação de um grupo de pessoas que está de alguma forma com uma renda maior”, diz. Segundo Lucilene, a atual estrutura do mercado de trabalho reproduz a ideia de que as pessoas precisam se virar para sobreviver.

Dados da Pnad Contínua mostram que o número de mulheres com CNPJ no segundo trimestre de 2023 cresceu cerca de 31% ante o mesmo período de 2019. Em relação à taxa de ocupados, a proporção de mulheres com CNPJ passou de 4,4% no segundo trimestre de 2019 para 5,5% neste ano.

Apesar da perda de benefícios, como FGTS, 13.º e férias remuneradas, a informalidade tem sido uma forma de mães permanecerem no mercado de trabalho, como afirma a economista Janaína Feijó.

“A maternidade requer delas uma atenção e um cuidado especiais. Só que muitas precisam oferecer algum tipo de renda, aí vão para a informalidade”, explica, lembrando que a jornada dos trabalhadores de carteira assinada é mais rígida do que a informalidade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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BRT Transbrasil: nova linha ligando o Fundão ao Terminal Gentileza começa a operar neste sábado

O corredor do BRT Transbrasil passa a ter mais uma linha a partir deste sábado. Os coletivos da 90 (Fundão x Gentileza — parador) vão rodar já com o horário estendido, das 10h às 15h, ainda em fase experimental. Neste primeiro momento, a linha vai parar apenas na estação Maré, na Transcarioca, e seguir pela Transbrasil direto até o Terminal Gentileza, na região centra da cidade. Os intervalos serão de 10 minutos.

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A ampliação do horário de funcionamento nesta primeira fase operacional da Transbrasil passa a valer também para a linha 80 (Penha x Gentileza — parador), que circula desde 24 de fevereiro, quando o terminal começou a operar. A partir deste sábado, seu horário passa a ser das 10h às 15h, com intervalos de 10 minutos.

No Terminal Gentileza, no Fundão e demais locais de embarque e desembarque, haverá operadores da MOBI-Rio orientando os passageiros sobre a nova linha 90 e o horário ampliado.

Além dos ônibus circulando no corredor recém-inaugurado, há 10 linhas que também têm como ponto final o Terminal Gentileza. A estrutura, em funcionamento desde o ano passado, permite a ligação entre diferentes modais e agilidade de deslocamento para áreas importantes da cidade, como serviço de ônibus expresso para o aeroporto internacional e VLT direto para o Aeroporto Santos Dumont.

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As linhas convencionais que saem do terminal são:

Linha 104 (São Conrado — Terminal Gentileza) Linha 108 (Terminal Gentileza — Jardim de Alah) Linha 110 (Terminal Gentileza — Jardim de Alah) Linha 112 (Terminal Gentileza — Alto da Gávea) Linha 133 (Largo do Machado — Terminal Gentileza) Linha 301 (Terminal Gentileza — Barra da Tijuca) Linha 302 (Terminal Gentileza — Terminal Alvorada) Linha 353 (Terminal Gentileza x Gardênia Azul — via Praça Seca) Linha 606 (Terminal Gentileza — Engenho de Dentro) Linha SV 606 (Terminal Gentileza — Engenho de Dentro)

A abertura do BRT Transbrasil é feita em etapas pela prefeitura. A fase inicial vai até o dia 30 deste mês, quando todas as estações do corredor estarão em funcionamento. A MOBI-Rio, empresa municipal responsável por administrar o sistema, também opera a linha expressa de ônibus executivos que liga o Terminal Gentileza ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. Com intervalos de 20 minutos, o serviço funciona todos os dias, das 6h à meia-noite.

Inicialmente, o BRT Transbrasil estava previsto para ser inaugurado na primeira metade de janeiro, mas os planos foram adiados devido à mobilização de órgãos municipais para o carnaval, em especial no ordenamento urbano para os mais de 400 blocos autorizados pela Riotur. O corredor expresso de ônibus ao longo da Avenida Brasil terá 18 estações e quatro terminais ao longo de 26 quilômetros da via. Esse é o quarto corredor do modal a ser inaugurado na cidade, depois de Transoeste, Transcarioca e Transolímpica.

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Em nota enviada nesta sexta-feira, a Prefeitura do Rio confirma que as restrições previstas foram suspensas. Segundo o órgão, “a medida foi adotada após a decisão do município de investir na implantação de mais equipes operacionais e equipamentos ao longo da via e da criação de uma coordenadoria operacional voltada para a Avenida Brasil”. Esta coordenadoria “será responsável por fiscalizar, garantir a fluidez dos veículos e funcionará com diversos órgãos integrados”, a partir do COR, explica em trecho do comunicado. A partir deste monitoramento o município fará uma “avaliação técnica constante” e, se mostrar necessário, novas medidas poderão ser anunciadas.

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