O Estado de S. Paulo
12 ABR, 2019 08H15
A maior agressividade da GetNet, do Santander Brasil, no mercado de microempreendedores individuais (MEIs) e pessoas físicas deve adicionar um novo capítulo à já disputada guerra das maquininhas. Outros adquirentes (as companhias que fazem as transações financeiras), também se movimentam e devem anunciar em breve novos posicionamentos, de acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. As ofertas devem ser ainda mais atraentes a esse público.
Terceira maior empresa da área, a GetNet anunciou, no fim de semana, o corte nas taxas das transações nas modalidades de débito e crédito à vista para 2%. O prazo de pagamento, que tradicionalmente é de 30 dias, ficou em apenas dois.
De acordo com Pedro Coutinho, presidente da empresa, a iniciativa é a devolução aos clientes de investimentos em tecnologia e ganhos de eficiência. “Identificamos uma oportunidade de redução de taxas e prazo e exercemos nosso papel junto aos clientes”, diz ele.
A SafraPay, do banco Safra, já havia empacotado uma oferta agressiva, em busca de profissionais que faturam até R$ 1 milhão por ano. Para aqueles que vendem de R$ 3 mil a R$ 7 mil por mês, por exemplo, nenhuma cobrança é feita e a máquina sai de graça. A empresa ainda oferece cem dias de taxa zero.
Com o “ataque” aos MEIs e pessoas físicas, as taxas cobradas por credenciadores neste segmento tendem a ir ladeira abaixo. Em geral, o mercado cobra de 1,9% a 2,1% no débito e de 3,5% a 4,5% no crédito.
No parcelado, porém, em algumas simulações, as taxas da GetNet perdem para as da concorrência. Coutinho diz, contudo, que o foco da ação da adquirente são débito e crédito à vista. Ele não abre as metas em torno da iniciativa, mas admite que é parte da estratégia é elevar a participação de mercado, hoje em torno de 14%.
Oferta
Para o especialista do Sebrae, Adalberto Luiz, é um jogo de escala. “O segmento demonstrou apetite pela compra em vez do aluguel das maquininhas e a tendência é de queda nas taxas, pela maior oferta”, diz.
Com 4,1 milhão de clientes ativos, a PagSeguro informou, por meio de sua assessoria, que os microempreendedores tomam a decisão não somente considerando taxas ou o preço da maquininha, mas os serviços oferecidos. Coutinho diz, porém, que a depender do volume movimentado, é possível economizar R$ 1 mil, sem considerar o valor de aquisição do terminal.
A ofensiva de grandes adquirentes junto aos pequenos empreendedores também pode impactar competidores pequenos que operam, sobretudo, com antecipação de recebíveis.
A disputa tende a contribuir para baixar o prazo de pagamento aos lojistas, pleito antigo do setor de cartões. “Os movimentos são reflexo de um grande crescimento da concorrência nos últimos anos”, diz Ricardo Vieira, diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
O novo crediário, lançado recentemente e que realiza pagamento em cinco dias, conforme ele, também ajuda na direção de reduzir o prazo que os lojistas esperam para receber as transações. Procuradas, Cielo, Rede, SafraPay e Stone preferiram não se manifestar.