Valor Econômico
08/05/2019 às 11h15
RIO- O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, reconheceu que o resultado da petroleira no primeiro trimestre não foi brilhante, mas que a companhia conseguirá, “sem dúvidas”, alcançar as metas previstas para o ano. “Tivemos alguns problemas inclusive na produção. Mas as notícias são boas, tanto em abril quanto no futuro”, disse, em teleconferência com analistas nesta quarta-feira (8).
Entre janeiro e março, a Petrobras teve lucro líquido de R$ 4,031 bilhões, queda de 42% na comparação anual. Foi o primeiro balanço da companhia com a nova norma contábil IFRS 16, que eliminou a classificação entre arrendamentos mercantis financeiros e operacionais, passando a existir um único modelo.
De acordo com a companhia, a redução refletiu um recuo de 5% na produção de petróleo e gás natural no período e menores volumes de vendas. Também pesaram no resultado a retração dos preços do petróleo, e as menores margens de comercialização de derivados no período.
Castello Branco disse que não há nenhuma intervenção nos preços de combustíveis. Com relação à política de preços, o executivo afirmou que a Petrobras “segue seu caminho”. “Pode ser que pequenos importadores tenham custos mais altos que o nosso. Cada importador tem o seu custo específico para internalizar importação”, afirmou, em entrevista a jornalistas, para comentar os resultados do primeiro trimestre de 2019.
Após admitir que os investimentos da companhia foram baixos no trimestre inicial de 2019, de US$ 2,3 bilhões, Castello Branco indicou que os aportes para o ano podem aumentar devido à participação em leilões. A previsão para o calendário completo é de US$ 16 bilhões.
Sustentando ser “proibido desperdiçar recursos”, o executivo indicou que a estatal vai entregar suas concessões de gás no Uruguai. “As operações no Uruguai estão gerando prejuízo”, afirmou. Além de distribuidoras de gás, as operações da estatal no Uruguai incluem redes de postos de gasolina, que também serão vendidas.
Mirando enxugar custos, o executivo disse que mudança de processos e transformação digital vão ajudar nesse propósito. “A transformação digital é um instrumento poderoso para redução de custos e aumento de eficiência”, nota.
Ele lembrou que está em curso fechamento de vários escritórios da companhia no mundo e que foi lançado o programa de demissão voluntária (PDV), com meta de economia de R$ 4,1 bilhões.
Segundo Castello Branco, todos os funcionários – independentemente da função na autarquia – terão metas e um papel a desempenhar, não apenas uma “meta abstrata”.
Segundo ainda Castello Branco, a estatal adquiriu dados geofísicos e geológicos em Israel e Guiana para fins de pesquisa, mas não tem intenção de investir fora do Brasil. “Somos produtores de petróleo. Temos que saber o que está acontecendo no mundo”, disse a jornalistas. A afinidade do presidente Jair Bolsonaro com Israel não exerce nenhuma influência. “Amigo, amigos, negócios à parte”.
Também não faz parte dos planos da empresa investir na Venezuela, caso o governo do país vizinho mude. “O pré-sal é muito melhor do que reservas da Venezuela. Para a Venezuela recuperar sua capacidade de produção de óleo vai demorar anos”, disse.
Meta de produção
A Petrobras mantém em 2,8 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) ao dia a meta de produção deste ano, informou o diretor de exploração e produção da empresa, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, que também participou da teleconferência sobre o balanço da estatal.
Segundo ele, a produção em maio está acima daquele patamar. Entre janeiro e março, no entanto, houve baixa de 5% em relação a um ano antes por causa de paradas para manutenção de plataformas e venda de 25% de participação no campo de Roncador, na Bacia de Campos.
Mudança contábil
A mudança contábil para a norma IFRS 16 não influencia o fluxo de caixa nem a meta de alavancagem (medida pela relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juro, impostos, depreciação e amortização – Ebitda), conforme a diretora de finanças e de relações com investidores da Petrobras, Andrea Almeida. O objetivo é que fique em 1,5 vez a relação entre dívida líquida e o Ebitda.
Em março, o nível de endividamento da Petrobras ficou em 3,19 vezes a dívida líquida/Ebitda, ante 2,34 vezes no fim do ano passado. Segundo a empresa, retirando os efeitos da IFRS 16, essa relação seria de 2,37 vezes.