Cúpula do Mercosul começa hoje no Rio: veja por que avanço no acordo com UE foi descartado

A reunião do Mercosul que começa hoje no Rio frustrará as expectativas de anúncio de algum avanço no acordo do bloco com a União Europeia. O encontro encerra a presidência rotativa do Brasil à frente do Mercosul e dá início ao mandato paraguaio.

Nesta quarta, será realizada a Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão decisório de nível ministerial, com a presença dos chefes da equipe econômica de cada país. Na quinta, é a vez dos chefes de Estado se reunirem, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Depois de passar pela Alemanha, em viagem internacional, Lula disse que não desistirá do acordo e voltou a defendê-lo, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, que engrossou o coro.

— Não vou desistir enquanto eu não conversar com todos os presidentes e ouvir um não de todos. Aí nós vamos partir para outra — disse Lula.

Na semana passada, o presidente da França, Emmanuel Macron, se colocou contra o acordo, e a eleição na Argentina dificultou ainda mais o cenário. O atual governo do país indicou que não seria adequado ir adiante em um momento de transição, já que o presidente eleito, Javier Milei, tomará posse no próximo dia 10.

A expectativa era que o acordo fosse anunciado durante a presidência da Espanha na UE e do Brasil no Mercosul. Com o adiamento, as negociações seguem, mas não haverá uma rodada presencial decisiva, que estava prevista para acontecer às margens da cúpula. Ainda assim, a visão do governo brasileiro é de que o acordo nunca esteve tão perto quanto agora.

“As negociações do Acordo de Associação Mercosul-União Europeia avançaram significativamente. As partes encontram-se mais perto de uma conclusão do que em qualquer momento anterior na atual etapa negociadora”, disse a Presidência em nota.

O acordo prevê aproximar dois dos maiores blocos econômicos mundiais, com PIB combinado de cerca de US$ 17 trilhões e população de aproximadamente 700 milhões de pessoas. Na visão do governo brasileiro, o Mercosul tem buscado, nesta fase de negociação, estabelecer “compromissos mais equilibrados” com a UE. Um dos receios é a ameaça de sanções por não cumprimento de compromissos ambientais.

“O Mercosul tem manifestado preocupação com os impactos nocivos ao comércio que podem decorrer de uma nova geração de leis adotadas na União Europeia. Na área ambiental, o Mercosul está aberto a reafirmar compromissos que os Estados Partes assumiram em regimes internacionais. Entretanto, não aceita a vinculação entre tais compromissos e a ameaça de sanções comerciais”, afirmou o governo brasileiro.

Durante a cúpula, está prevista a promulgação do Protocolo de adesão da Bolívia ao bloco.

“Espera-se que a Bolívia possa concluir o seu processo de adesão com brevidade e trabalhar com os demais Estados Partes para definir cronograma de internalização das normas e regulamentos do Mercosul”, disse o governo brasileiro em nota.

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