O avanço do ano eleitoral já começa a impactar nos quadros técnicos do governo Lula (PT). A cerca de seis meses das eleições municipais, pastas como Educação e Trabalho já identificam perdas de pessoas que vão buscar cargos nas prefeituras.
O MEC (Ministério da Educação) já vive mudanças. A saída da nº 2 da pasta, Izolda Cela, é dada como certa dentro da pasta e nos bastidores da política cearense.
Cela, que foi cotada para ser ministra, é nome forte para a disputa da Prefeitura de Sobral, no interior do estado. Não é descartado que a secretária-executiva do MEC possa disputar o cargo em Fortaleza.
Ela se filiou ao PSB em fevereiro, ao lado do ex-governador Cid Gomes. Com um perfil discreto, Izolda não anunciou a saída dentro do MEC, mas técnicos consultados pela reportagem veem, inclusive, forte conveniência nessa movimentação.
A parceria dela com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), não se mostrou tão afinada quanto se esperava. Izolda não teria correspondido a expectativa de ser o “motor central” dos trabalhos técnicos da pasta. A saída dela deve representar forte rearranjo na estrutura da pasta.
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Questionado, o MEC não respondeu. A reportagem também procurou Izolda, que não respondeu.
A pasta já teve uma baixa. Braço direito do ministro Camilo Santana na pasta, Janaína Farias (PT-CE) deixou o ministério no fim de março.
Com planos de concorrer à prefeitura cearense de Crateús, Janaína assumiu no Senado a vaga do próprio Camilo, de quem é a segunda suplente –desde o início do ano a vaga estava ocupada pela primeira suplente, a também petista Augusta Brito.
“O indicativo do partido é pela minha pré-candidatura à Prefeitura de Crateús. Tenho um longo trabalho na política do Ceará e me reconhecem por isso”, disse ela à Folha.
O trabalho no Senado, onde ficará até agosto, faz parte da estratégia eleitoral de Janaína Farias.
Próxima de Camilo desde os tempos em que ele era governador do Ceará, Janaína tinha no MEC grande influência sobre a agenda política do ministro. No ano passado, deixou de ser assessora especial e tornou-se secretária de Gestão da Informação, Inovação e Avaliação de Políticas Educacionais.
A subpasta não existia até então. Foi criada, em muito, para abrigá-la e garantir ao MEC acesso a mais informações de outros órgãos ligados ao órgão.
Levantamento da Folha junto às pastas mostrou que três delas —todas comandadas pelo PT— terão baixas de secretários nacionais ou assessores dos ministros: além de Educação, Trabalho e Desenvolvimento Agrário também já registram essa movimentação.
Os demais ministérios afirmaram que ou ainda não foram informados sobre saídas, ou que não há previsão de quadros que irão concorrer às eleições.
Esse cenário, contudo, pode ser alterado devido aos prazos de desincompatibilização definidos pela Justiça Eleitoral. A legislação eleitoral prevê que para concorrer às prefeituras, secretários nacionais devem deixar os cargos quatro meses antes do pleito, enquanto assessores, três meses.
Para concorrer ao cargo de vereador, os secretários devem se desincompatibilizar seis meses antes das eleições —prazo que se encerra neste sábado (6)—, enquanto assessores, três meses.
Além desses ministérios, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência poderá perder dois quadros, de acordo com relatos. São cotados para ocupar vices em chapas e assessor especial da pasta Mozart Sales e o secretário especial de assuntos federativos da Secretaria, André Ceciliano.
Ceciliano é cotado para ser vice do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Já Sales é pré-candidato a vice do prefeito do Recife, João Campos (PSB). As indicações estão sujeitas às negociações partidárias.
Sales é próximo ao ministro Alexandre Padilha (PT), chefe da Secretaria de Relações Institucionais. Ele participou da criação do Mais Médicos e hoje cuida da gestão de emendas na área de saúde.
Nas redes sociais, Sales compartilhou registros da inscrição de sua pré-candidatura para vice-prefeito, no último dia 15. “Defendo a replicação da aliança nacional e a construção de uma unidade dentro do partido. Então, é justificável o PT pleitear a vice do prefeito João Campos”, escreveu.
Na pasta do Trabalho, deixará o cargo a chefe de gabinete do ministro Luiz Marinho (PT), Lene Teixeira, pré-candidata à Prefeitura de Ipatinga (Minas Gerais). Também sairá Suzi Rodrigues, superintendente-geral do Trabalho em Pernambuco, pré-candidata a vereadora no Recife.
O presidente da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), Pedro Tourinho, deve se candidatar à Prefeitura de Campinas (SP).
O Ministério de Desenvolvimento Agrário já registrou uma baixa: Patrícia Vasconcelos deixou o cargo no dia 6 de março de secretária nacional de Agricultura Familiar e Agroecologia. Ela vai disputar a Prefeitura de Batalha (PI).
Segundo a legislação eleitoral, ministros que desejarem concorrer às prefeituras devem deixar o cargo até quatro meses antes das eleições. Para serem candidatos a vereadores, o prazo se encerraria neste sábado (6).
Até o momento não há sinalizações de que ministros possam deixar a Esplanada para disputar prefeituras, mas nomes como o de Luciana Santos (PC do B), da Ciência e Tecnologia, são lembrados. Ela é cotada para tentar o comando de Olinda, em Pernambuco.
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