Tabata faz convenção sem cravar vice e ainda à espera do PSDB na eleição de SP

A deputada federal Tabata Amaral oficializa sua candidatura a prefeita de São Paulo pelo PSB neste sábado (27) com incertezas sobre a vaga de vice na chapa, que segue prometida para o PSDB, partido que prevê para o mesmo dia a convenção que pode confirmar a candidatura de José Luiz Datena.

A convenção do PSB —que contará com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, entusiasta de Tabata— deve postergar a indicação de vice, dando poderes à direção executiva municipal do partido para decidir o companheiro de chapa. As candidaturas devem ser registradas até 15 de agosto.

Como nenhuma aliança com outra legenda foi firmada, a solução mais provável é optar por um quadro do PSB, o que resultará em chapa do tipo puro-sangue. É possível que o nome seja anunciado já neste sábado, mas o mais provável é que a decisão seja empurrada para os próximos dias.

A principal expectativa de Tabata e seu entorno é que uma mudança de rota no PSDB, que poderia ocorrer a partir de uma eventual desistência de Datena, leve os tucanos a optarem por uma coligação com ela, como se previa antes. O apresentador já ensaiou concorrer quatro vezes e sempre recuou.

Datena migrou do PSB para o PSDB em abril, numa operação avalizada pela pré-candidata, no intuito de ser oferecido como vice. Tabata considerou que os tucanos descumpriram o acordo ao lançarem o jornalista candidato a prefeito e chegou a usar, em conversas privadas, o termo traição.

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O grupo da deputada acredita que acabou o clima para uma composição com Datena, mas mantém o interesse numa parceria com o PSDB, o que poderia render a ela alguns segundos a mais de tempo na propaganda gratuita de TV e rádio e a musculatura de um partido que já administrou a capital.

As reviravoltas envolvendo Datena desde a entrevista à Folha nesta semana na qual se comparou ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que desistiu de tentar a reeleição, reforçaram a impressão no PSB de que o jornalista sairá da disputa. Ele, contudo, insiste em dizer que irá até o fim.

Obstáculos à parte, Tabata quer fazer da convenção, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro, na zona norte, uma demonstração festiva de que sua candidatura é viável e competitiva.

“Um ano atrás, as pessoas se questionavam se eu seria vice, diziam que o partido não iria bancar a candidatura, que eu não iria até o fim, e eu cheguei aqui firme e forte, disputando o terceiro lugar em empate técnico, com [patamar de] 10% de intenção de votos”, diz ela, que marcou 7% no principal cenário testado pelo Datafolha no início deste mês.

“Não existe absolutamente nenhuma indefinição ou dúvida em relação ao nosso projeto. Temos apoio integral do partido, que fez a escolha de priorizar a nossa candidatura”, segue. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e outros dirigentes e mandatários participarão do ato neste sábado.

Para crescer, a parlamentar se fia em elementos que acredita darem solidez à candidatura, como o grupo de especialistas que formula seu plano de governo, “todos ministeriáveis”, e o conselho estratégico que a auxilia, com integrantes como o economista Arminio Fraga e o apresentador Luciano Huck.

“Vamos chegar para o debate com um preparo e um conjunto de ideias que os outros não terão. Isso vai fazer a diferença”, acrescenta ela, que perdeu protagonismo na competição com as entradas de Datena e do empresário e ex-coach Pablo Marçal (PRTB), nas últimas semanas.

O discurso adotado pela campanha para a convenção busca afastar a imagem de indefinição. O coordenador político, Orlando Faria, afirma que a opção foi a de observar a conjuntura, “diante dos últimos acontecimentos” com Datena e da possibilidade de “agregar uma força importante”, o PSDB.

“Devemos aguardar um pouco mais. Temos um plano envolvendo uma solução caseira, mas, por enquanto, não batemos o martelo”, diz Faria, que fala em “tempo e tranquilidade” para resolver e prefere não antecipar possíveis nomes de filiados do PSB que poderiam fazer dupla com Tabata.

Uma das alternativas mais citadas nos bastidores é a professora Lúcia França, que foi candidata a vice de Fernando Haddad (PT) na eleição para o governo paulista em 2022 e é casada com o ministro Márcio França (Empreendedorismo). Procurada pela reportagem, ela não se manifestou.

Também é cogitado o ex-vereador e ex-deputado federal Floriano Pesaro, aliado de longa data de Alckmin e hoje diretor da Apex (agência federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ocupado pelo vice-presidente). Pesaro contribui para o programa de governo de Tabata.

Se o PSDB perder Datena e decidir apoiar a candidata do PSB, ela avaliará os nomes sugeridos. São ventilados o do presidente municipal do PSDB, José Aníbal, o do ex-vereador Mario Covas Neto, conhecido como Zuzinha, e o do ex-deputado Ricardo Trípoli.

“Nós estamos encarando isso [decisão de vice] com bastante tranquilidade. O PSB tem tempo para definir e nós vamos comunicar no momento certo. Por razões estratégicas, estamos preferindo não antecipar o assunto por enquanto. É uma decisão que envolve todo o partido”, despista Tabata.

“Sobre o PSDB, nós estamos dispostos a manter a nossa palavra, a sentar, negociar e conversar, mas não faz mais sentido que esse nome [de vice] seja o Datena”, completa ela, justificando que o apresentador “decidiu mudar o combinado” ao lançar sua pré-candidatura.

Segundo Faria, a prioridade continua sendo aumentar a taxa de conhecimento da deputada. Hoje, 56% dos eleitores sabem quem ela é, de acordo com o Datafolha. “Estamos prontos para fazer campanha. Agora, é apresentar o nosso projeto. Temos ótimas propostas e a melhor candidata”, valoriza ele.

Tabata também se diz empenhada em “mostrar para as pessoas que existe uma alternativa de mudança em São Paulo”. Na última segunda-feira (22), ela lançou nas redes sociais uma série que conta sua trajetória, revela as origens na periferia paulistana e explica de onde vêm suas causas.

A deputada, que também é presidente municipal do PSB, tem exaltado a chapa de candidatos a vereador montada pelo partido, com 56 postulantes, e dito, em tom otimista, que a expectativa é eleger 4 ou 5 deles. Hoje a sigla tem dois representantes na Câmara Municipal.


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