O CEO designado da BMW, Harald Krüger, lançou o novo compacto Série 2 no terceiro trimestre dirigindo o carro até o teleférico de uma pista de esqui nos Alpes austríacos.
Quando ele chegou perto da multidão que estava à espera, o nevoeiro a 2.100 metros de altura era muito espesso para ver muito do carro ou do executivo de cabelo esvoaçante. Krüger estava imperturbável, apresentando o hatchback estilo van tão calmamente quanto se estivesse no Salão do Automóvel de Frankfurt.
Houve poucos contratempos durante a carreira do gerente de 49 anos da maior fabricante de carros de luxo do mundo, onde ele começou saindo quase diretamente da Universidade de Aachen, a principal faculdade de engenharia da Alemanha.
“Ele é conhecido internamente na BMW como uma pessoa franca, um bom motivador e um bom orador, que gera respeito entre as pessoas com quem trabalha”, disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI em Londres. Krüger tem uma reputação de “enxergar além dos tópicos usuais de produção e engenharia”.
A nomeação de ontem tornará Krüger o mais novo CEO de uma grande fabricante de veículos quando ele suceder Norbert Reithofer após a reunião anual de acionistas da BMW, em maio. A empresa com sede em Munique anunciou a troca, que veio mais cedo que o esperado, como uma resposta às abrangentes mudanças na indústria automotiva.
As fabricantes de carros precisam de uma geração mais jovem com “energia criativa”, disse Stefan Quandt, vice-presidente do conselho de supervisão e membro da família bilionária que controla cerca de 47 por cento das ações com direito a voto da BMW.
A fabricante não tornou Krüger disponível para uma entrevista para essa reportagem.
Mudança radical
Krüger substituirá um CEO que já havia realizado mudanças estratégicas radicais. Reithofer liderou a mudança da Bayerische Motoren Werke AG para veículos mais amigos do meio ambiente, incluindo o carro urbano i3, movido a bateria, e fez uma aposta ao investir na produção massiva de peças leves de fibra de carbono. Ele fez isso enquanto conduzia a BMW para vendas e lucros recordes desde que assumiu o cargo mais alto da empresa em 2006.
Com Reithofer, a BMW estava respondendo às regras cada vez mais estritas para as emissões. Houve também mudanças geográficas, porque a Ásia se tornou a principal região para o crescimento das vendas, enquanto a mudança de valores sociais fez com que ter um carro deixasse um pouco de ser um rito de passagem entre os jovens.
450.000 carros
Krüger tem estado envolvido em projetos que atacam esses desafios quase desde que ele ingressou na BMW, em 1992. Uma de suas primeiras grandes atribuições foi a de engenheiro de projeto, quando ajudou a erguer a planta da empresa alemã nos EUA, em Spartanburg, Carolina do Sul.
Na época, construir uma fábrica de carros competitiva nos EUA era um desafio para uma empresa conhecida pela qualidade e pela precisão. Em 2016, Spartanburg será a maior fábrica da BMW e a empresa terá investido US$ 7,3 bilhões na instalação com a expansão mais recente, ampliando a capacidade para 450.000 carros ao ano.
“Na época, nós pensávamos que 100.000 era um número grande”, disse Krüger, no início deste ano, pontuando que em 1994 a fábrica tinha a meta de produzir 50.000 carros. “Se você olha para trás, você se dá conta de como esse passo acabou sendo importante”.
Após um período bem-sucedido de três anos liderando a fábrica de motores da BMW no Reino Unido, em 2008 o engenheiro ingressou no conselho de administração como gestor de pessoal, posição que ocupou durante quatro anos. Períodos curtos como chefe das marcas Mini, Rolls Royce e de motocicletas e como chefe de produção vieram na sequência, algo normal para executivos que estão sendo preparados dentro da BMW.
Sua nomeação para a chefia de produção, em um período no qual a BMW lançou o i3 e o i8, foi um sinal claro de que ele era um dos principais candidatos a suceder Reithofer, que havia chefiado a área de manufatura antes de sua própria nomeação como CEO.
“O fato de ele ser relativamente jovem é notável. Supondo que ele não cometa erros, ele iniciará uma nova era da BMW”, disse Stefan Bratzel, diretor do Centro de Gestão Automotiva da Universidade de Ciências Aplicadas em Bergisch Gladbach, Alemanha. “Isso também é interessante por causa da mudança de paradigma que estamos vendo com os conjuntos de transmissão, a conectividade e os modelos de negócio”.
Fonte: Bloomberg