Apenas 29% das subsidiárias brasileiras no exterior transferem tecnologia às matrizes

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Um estudo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), divulgado ontem, mostra que apenas 29% das empresas brasileiras que estão no exterior transferem tecnologia para as suas matrizes.

“Isso é muito pouco se nós compararmos com o nível de transferência tecnológica das empresas de outros países. Temos operações no exterior e estamos aprendendo pouco com isso”, afirma o coordenador do Observatório das Multinacionais Brasileiras da ESPM, Gabriel Vouga.

“Esse dado nos dá um indício de que estamos indo para o exterior apenas para buscar mercado, vender mais. No entanto, é importante que as empresas brasileiras se beneficiem do ambiente institucional do país no qual estão instaladas, para aprenderem”, complementa Vouga.

A pesquisa do Observatório foi realizada com 78 subsidiárias industriais de 39 companhias brasileiras.

Apesar de o País ainda transferir pouca tecnologia de outros países, Vouga ressalta que esse panorama deve mudar dentro de alguns anos. Ele explica que, dentre as empresas pesquisadas, as que mais trazem inovação ao Brasil estão há mais tempo no exterior, com uma média de operação de 11 anos. “Quanto mais maturidade tem a subsidiária, maior a propensão de ela inovar e transferir essa inovação para o Brasil”, diz Vouga. “Levando em consideração que o Brasil ainda é jovem em internacionalização, esperamos que, com os anos, as empresas brasileiras aprendam mais com as suas subsidiárias no exterior.”

Diferenças

O estudo da ESPM mostrou também que o nível de transferência tecnológica do Brasil, tanto em processos de gerenciamento como em produtos, é praticamente o mesmo.

No entanto, a inovação em produtos é mais frequente quando as empresas se instalam nos países desenvolvidos.

Por outro lado, as companhias nacionais conseguem aprimorar processos organizacionais e de gerência quando se estabelecem em regiões em desenvolvimento, como em países da América Latina.

Vouga explica que isso acontece porque o Brasil consegue se adaptar melhor em ambientes institucionais mais desestruturados. “Muitas empresas de países desenvolvidos, como da Suécia, quando vêm ao Brasil acabam quebrando. Isso acontece porque elas não conseguem lidar com o nosso ambiente institucional” diz.

A maior flexibilidade e capacidade de adaptação de produtos são alguns diferenciais que o nosso País pode oferecer no processo de internacionalização, como conclui o estudo.

No entanto, Vouga ressalta que a pouca inovação brasileiras está relacionada ao baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento no exterior.

De acordo com o Observatório, a principal função estratégica das nossas subsidiárias no exterior é a produção, para 71% das empresas. Em segundo lugar vêm marketing e vendas, que correspondem a 12% delas. Em contrapartida, apenas 9% das nossas empresas no exterior têm como função principal o desenvolvimento tecnológico. Já a pesquisa básica aparece com uma proporção de apenas 3%.

Observando a inserção do Brasil por país, as subsidiárias brasileiras estão hoje mais concentradas nos Estados Unidos, Argentina e Colômbia.


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