CEO da Lockheed diz que ameaça jihadista compensa queda do petróleo no Oriente Médio

1A Lockheed Martin Corp., maior empresa internacional de defesa, disse que o petróleo mais barato não está reduzindo a demanda por armas entre os países produtores de petróleo do Oriente Médio pelo fato de o Estado Islâmico estar expandindo seu alcance na região.

“A prioridade deles é a segurança nacional”, disse a CEO Marillyn Hewson, na quarta-feira, em entrevista. “O fato de os preços do petróleo caírem um pouco não afetará a necessidade de comprar capacidade de defesa com mísseis ou aerotática ou coisas dessa natureza”.

As tensões latentes oriundas da intervenção da Rússia na Ucrânia ou de controvérsias envolvendo a China relacionadas a ilhas reivindicadas por países vizinhos estão impulsionando as vendas de armas em um momento em que Hewson busca uma expansão fora dos EUA, tradicional base de apoio da Lockheed, que tem sede em Bethesda, Maryland. O gasto dos EUA com defesa caiu 17 por cento depois de atingir um pico em 2010.

A Arábia Saudita está entre os principais clientes internacionais de empreiteiras americanas como a Lockheed, que tem entre seus produtos o avião militar de transporte C-130 e os mísseis usados no sistema interceptor Patriot, da Raytheon Co. O reino também é o maior exportador de petróleo do mundo.

O petróleo é a maior fonte de receita dos governos da região e a queda de 48 por cento do petróleo bruto Brent, usado como referência para os preços, no ano passado, está prejudicando alguns orçamentos justamente em um momento em que há mais pressão dos jihadistas do Estado Islâmico em países como Iraque, Síria e Líbia. O Iraque está em busca de mais de 5.000 mísseis Hellfire fabricados pela Lockheed, disseram fontes familiarizadas com os planos.

‘Mais complexo’

Os clientes da Lockheed ao redor do mundo estão enfrentando “o ambiente de segurança internacional mais complexo já visto”, disse Hewson, 61, a repórteres em coletiva de imprensa realizada em Arlington, Virgínia.

A meta de Hewson: impulsionar as vendas no exterior para 25 por cento do total da Lockheed no “curto prazo”, contra os atuais 20 por cento. Ela deverá ter um impulso com o caça F-35, com base na projeção de que durante os próximos cinco anos metade das entregas serão destinadas a clientes internacionais.

Do total de 3.000 encomendas de F-35 recebidas pela Lockheed, cerca de 700 vieram de compradores internacionais. Hewson prevê que com o tempo a venda total de jatos chegará a cerca de 4.500 unidades, mesmo patamar do F-16, também da empresa, atualmente o avião de guerra mais vendido no mundo.

As ações da empresa deram um salto de 22 por cento nos últimos 12 meses, quase duas vezes o ganho de 12 por cento do Standard Poor’s 500 Industrials Index. Elas fecharam as negociações de quarta-feira em US$ 198,57.

Devido à pressão de preço das concorrentes americanas e europeias sobre a Lockheed, não está claro quais programas além do F-35 impulsionarão o salto em vendas internacionais que Hewson busca, disse George Ferguson, analista aeroespacial e de defesa da Bloomberg Intelligence em Skillman, Nova Jersey.

“Todas as principais empreiteiras de defesa nos disseram que complementarão os declínios observados nos gastos de defesa com vendas internacionais”, disse Ferguson, em entrevista por telefone.

Fonte: Bloomberg


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