Em 6,1 milhões de domicílios do país não havia frequência diária de abastecimento de água em 2019. Nordeste é a região com menor frequência de abastecimento.
Em 2019, quase 10% dos domicílios brasileiros não contavam com abastecimento de água diariamente. A situação era mais grave no Nordeste, onde um em cada quatro domicílios não contavam com frequência diária de abastecimento, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O país tinha 72,4 milhões de domicílios em 2019. Quase todos (97,6%) tinham água canalizada, enquanto 63,8 milhões (88,2%) tinham acesso à rede geral de abastecimento, sendo esta a principal fonte em 85,5% deles.
Dentre todos os domicílios com acesso à rede geral de distribuição no país, no entanto, 88,5% recebiam água diariamente. Em 5% deles a frequência de abastecimento era de quatro a seis vezes por semana, enquanto em outros 4,9% a água era fornecida apenas por até três dias semanais.
Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, são cerca de 6,1 milhões de domicílios que não contavam com água diariamente, afetando aproximadamente 18,4 milhões de brasileiros.
A situação mais grave era observada no Nordeste, onde apenas 69% dos domicílios contavam com água diariamente. Em 11,6% a frequência de abastecimento variava entre quatro e seis dias por semana, enquanto outros 14,2% só contavam com o serviço por até três vezes na semana. Assim, em 25,8% dos lares nordestinos não havia abastecimento de regular de água.
“A conclusão que a gente tira é que os domicílios nordestinos, mesmo tendo acesso à rede geral de abastecimento, carecem de uma disponibilidade diária de água. Isso faz com que nessa região cresça a participação de outras formas de abastecimento, como armazenamento de água da chuva em cisternas ou tanques ou a captação de açude ou rio, por exemplo”, destacou a analista da pesquisa.
Adriana enfatizou que, enquanto essas formas rudimentares de abastecimento de água eram adotadas em cerca de 2% dos domicílios do país, no Nordeste este percentual chegava a 6%. “São cerca de 3,5 milhões de moradores do Nordeste que utilizam essas fontes de água”, acrescentou.
A Região Sul do país era a que contava com a maior frequência no fornecimento de água, com 97% dos domicílios a recebendo diariamente. Centro Oeste e Sudeste aparecem na sequência, com 94,9% e 94,8% dos domicílios com abastecimento diário. No Norte, este percentual chegava a 89%, ainda superior à média nacional.
No Norte, segundo o IBGE, a principal alternativa à rede geral de distribuição era a captação de água por meio de poço profundo ou artesiano, sendo usada em 21,3% dos domicílios. Outros 13,4% dos domicílios nortistas recorriam ao poço raso, freático ou cacimba.
Falta banheiro em 1,6 milhão de domicílios
A pesquisa mostrou ainda 97,8% dos domicílios do país tinham banheiro de uso exclusivo dos moradores. Isso significa que em 1,6 milhão de casas não havia banheiro no ano passado.
A situação era mais precária no Norte do país, onde 9,8% dos domicílios não tinha banheiro exclusivo. O Nordeste aparece em segundo lugar, com 5,1% dos domicílios nesta condição. No Sudeste e Centro-Oeste, apenas 0,3% dos domicílios não tinham banheiro. No Sul este percentual era ainda menor, de 0,2%.
A pesquisa mostrou também que, na passagem de 2018 para 2019, houve ligeiro aumento no percentual de domicílios brasileiros com acesso à rede geral de esgoto: de 66,3% para 68,3%, taxa ainda considerada baixa. Em 2015, na ONU, Brasil se comprometeu a universalizar serviços de saneamento até 2030.
Regionalmente, o acesso a esgotamento sanitário mostra acentuadas diferenças no país. No Norte, apenas 27,4% dos domicílios eram ligados à rede geral de esgoto. No Nordeste este percentual era de 47,2%. No Centro-Oeste chegava a 60%, no Sul subia para 68,7%, alcançando o maior percentual no Sudeste, com 88,9% dos domicílios com acesso à rede coletora.
O IBGE destacou que todas as Regiões apresentaram crescimento em relação a 2018.
Também cresceu o percentual de domicílios com coleta de lixo feita diretamente por serviço de limpeza – passou de 83% em 2018 para 84,4% em 2019 – uma expansão de 2,1 milhões de domicílios. Em 7,0% dos domicílios a coleta era feita em caçamba de serviço de limpeza, enquanto em 7,4% o lixo era queimado na propriedade.
Fonte: G1