Com queda no preço do petróleo, Petrobras corta produção, jornada e até 30% do salário

Medidas visam a economizar US$ 2 bi em 2020. BR quer adiar pagamento de dividendos a acionistas

 

A Petrobras vai reduzir em 200 mil barris diários o volume de produção de petróleo. O corte, inclui a redução de cem mil barris já anunciada no último dia 26, faz parte de uma lista de medidas que serão adotadas, a partir desta quarta-feira, para enfrentar o que a empresa classifica como ” a pior crise da indústria do petróleo nos últimos 100 anos”.

A petrolífera esclareceu ainda que, para alcançar o corte anunciado de US$ 2 bilhões de gastos operacionais em 2020, serão poupados cerca de R$ 700 milhões em despesas com pessoal. Entre as medidas está adiar o pagamento de até 30% dos salários de funcionários das empresas que têm funções gratificadas, como gerentes e supervisores.

Segundo o comunicado da petrolífera, “a combinação inédita de queda abrupta do preço do petróleo, excedente de oferta no mercado e uma forte contração da demanda global por petróleo e combustíveis” exige não só a redução da produção, como a postergação de desembolso de caixa e redução de custos.

A guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, somada à queda na demanda causada pelo freio na atividade econômica imposto pela pandemia do novo coronavírus, levou a cotação do barril de petróleo para abaixo de US$ 20 pela primeira vez desde fevereiro de 2002.

Nesta quarta-feira, a BR Distribuidora, que tem a Petrobras como principal acionista, informou que apresentará em assembleia de acionistas proposta para postergar o pagamento de juros sobre o capital próprio já declarados, no valor de R$ 540,3 milhões, para até 30 de dezembro, o prazo anterior até 30 de junho.

A companhia também propõe dividendos de R$ 49,8 milhões a serem pagos até 30 de dezembro, enquanto aponta que R$ 534 milhões, originalmente previstos como dividendo adicional referente a 2019, seriam retidos temporariamente como reserva especial de dividendos não distribuídos. A assembléia está marcada para 30 de abril.

A Petrobras também já tinha anunciado a alteração a data de pagamento de dividendos remanescentes aos acionistas.

A Transpetro, subsidiária da Petrobras, também aprovou plano de redução de custos de R$ 507 milhões este ano, o que inclui tanto corte de gastos operacionais quanto de investimentos, postergando ou otimizando desembolsos.

Para decidir quais campos sofrerão cortes na produção, a Petrobras informa que analisará condições mercadológicas e operacionais.

A produção das refinarias também estão sendo adequadas a demada por combustíveis. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), paralisação da atividade econômica por causa da pandemia do novo coronavírus pode levar a demanda por petróleo no mundo despencar em até 20 milhões de barris diários.

A petrolífera esclareceu ainda que, para alcançar o corte anunciado de US$ 2 bilhões de gastos operacionais em 2020, serão poupados cerca de R$ 700 milhões em despesas com pessoal.

Veja as medidas que serão adotadas em relação aos funcionários

  • Postergação do pagamento, entre 10% a 30%, da remuneração mensal de funcionários com função gratificada, como gerentes, coordenadores, consultores e supervisores;
  • Mudança temporária de regimes de turno e de sobreaviso para regime administrativo de cerca de 3,2 mil empregados;
  • Redução temporária da jornada de trabalho, de 8 horas para 6 horas, de cerca de 21 mil empregados.

Em seu comunicado a Petrobras termina afirmando que continua monitorando o mercado “e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes, sempre garantindo as condições de segurança para as pessoas, operações e processos”.
Fonte: O Globo


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