As mulheres brilharam em 2024. Em universos como a cultura, o empreendedorismo, a política e a moda, figuras femininas brasileiras fizeram história neste ano. Com suas respectivas influências, elas influenciaram o país e o mundo ao promover o avanço de pautas e debates de relevância. A revista Ela selecionou 17 entre centenas de brasileiras que brilharam de janeiro a dezembro de 2024.
Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, foi destacada como uma das 100 pessoas mais influentes da nova geração pela revista “Time”, em outubro. Em meio a nomes relevantes do esporte, do ativismo e da política que prometem moldar o futuro global, a professora de 40 anos é a única brasileira na lista. Ela foi destacada por sua luta à favor da igualdade racial no Brasil.
“É uma honra estar ao lado de tantas pessoas que estão lutando por um mundo mais justo e igualitário. Este reconhecimento é, na verdade, um reflexo do trabalho coletivo por uma sociedade onde a igualdade racial e a justiça social sejam realidade. Dedico a todas as mulheres negras e às periferias do Brasil, que são a verdadeira fonte da minha força e resistência”, afirmou ao portal do Governo Federal.
Anitta
Aos 31 anos, Anitta viveu um 2024 repleto de conquistas e prêmios. Em setembro, ela venceu o prêmio de Melhor Videoclipe Latino, do Video Music Awards (VMA), premiação da MTV americana, pelo terceiro ano seguido, na qual desbancou os latinos Shakira, Karol G e Bad Bunny. Já no início deste mês, a cantora recebeu o Troféu Vanguarda, uma novidade do Prêmio Multishow 2024, que reconhece artistas que vão além da música, ao revolucionar o mercado com inovação, estilo e influência cultural.
“Que ano incrível para a cultura latina. Preciso reconhecer que a Karol G também teve um ano incrível. Que turnê incrível, o mundo todo estava assistindo”, reconheceu ela no VMA.
Além de ter participado do encerramento da “Celebration Tour” de Madonna, show realizado na Praia de Copacabana, na zona Sul do Rio, em 4 de maio, Anitta não foi no Met Gala pela primeira vez após três anos marcando presença. A artista brasileira optou por viver o momento inédito com a cantora, já que as datas estiveram muito próximas. O evento aconteceu em 6 de maio, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, nos Estados Unidos.
Beatriz Souza
Aos 26 anos, a atleta Beatriz Souza trouxe a primeira medalha de ouro ao Brasil em 2 de agosto, nas Olimpíadas de 2024, em Paris, na categoria feminina +78kg no judô. Foi o primeiro ouro Olímpico do esporte brasileiro desde o título de Rafaela Silva, no Rio, em 2016, além de ser a terceira medalha da modalidade na capital francesa. As medalhas de prata e de bronze foram conquistadas por Willian Lima e Larissa Pimenta respectivamente.
A judoca se tornou a primeira mulher brasileira estreante nos Jogos a ser campeã olímpica em provas individuais. Beatriz conquistou fãs por todo o país ao servir como exemplo de força e superação. Aos 14 anos, ela saiu de casa para seguir o sonho olímpico. Doze anos mais tarde, voltou para Peruíbe, sua cidade natal, no litoral paulista, com duas medalhas.
Bianca Andrade
Comumente conhecida como “Boca Rosa”, a influenciadora Bianca Andrade fez história no empreendedorismo feminino brasileiro. A criadora de conteúdo lançou a marca independente de maquiagem, cujo nome também é “Boca Rosa”. Embora tenha recebido muitas reclamações em relação à qualidade dos produtos e das embalagens, ela trouxe 50 tons de base ao mercado. Até então, é a cartela com o maior número de cores do Brasil.
Segundo a empresária, o consultor Tássio Santos, especialista em peles pretas e retintas, foi contratado para desenvolver a paleta de cores escuras da marca. Boca Rosa afirma ter procurado atender a maior parte dos tons e subtons da população brasileira.
O posto de maior cartela de bases brasileira era anteriormente de Bruna Tavares, criadora de conteúdo e empreendedora que desenvolveu 30 tons.
Erika Hilton
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) marcou o mês de novembro ao jogar luz sobre os desafios da jornada de trabalho 6×1 (trabalha-se seis dias e tem apenas uma folga na semana). Com uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) a parlamentar defende o fim dela e deseja reduzir o limite de horas semanais trabalhadas no Brasil, a fim de permitir o modelo de quatro dias de trabalho.
No congresso, a ativista de 32 anos defende que o país deveria não só acabar com esse modelo, mas adotar a “jornada de trabalho de 4 dias na semana”, ou seja, o desenho 4×3. A proposta despertou intensos debates sobre os direitos trabalhistas e o bem-estar dos trabalhadores.
Fernanda Montenegro
Ao lado de Fernanda Torres, a atriz veterana Fernanda Montenegro emocionou o Brasil ao dar vida à versão envelhecida da advogada Eunice Paiva, no filme “Ainda Estou Aqui”. A história se passa durante o período mais intenso da ditadura militar no Brasil, e acompanha a trajetória da família Paiva, composta por Rubens, Eunice e seus filhos.
Nos últimos 14 anos de vida, Eunice viveu com Alzheimer. A artista de 95 anos aparece na cena final do longa, em uma passagem de tempo que leva a história para a década de 2010. A personagem, que morreu em 2018 aos 86 anos, já está muito debilitada pela doença. Embora a participação tenha sido curta, Fernanda arrancou lágrimas de milhares brasileiros mesmo sem dizer uma palavra.
O filme é produzido por Walter Salles, que trabalhou com Montenegro em “Central do Brasil“. Baseado no livro “Ainda Estou Aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, filho do casal, o longa-metragem emplacou indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz.
Fernanda Torres
Sem dúvidas, esse foi o ano marcante para a vida profissional de Fernanda Torres. A atriz foi a protagonista do longa-metragem “Ainda Estou Aqui”, indicado a cerca de 15 prêmios internacionais. Recentemente, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas afirmou que o longa está entre os filmes elegíveis para consideração do juri na 97ª edição do Oscar.
Fernanda deu vida à ativista e advogada Eunice Paiva, além de ser cotada internacionalmente a vários prêmios como “Melhor Atriz”. Embora o cenário pareça otimista, a artista de 59 anos não acredita que levará o prêmio para casa. Ela deve competir com atrizes como Nicole Kidman,(Babygirl), Demi Moore (A Substância) e Angelina Jolie (Maria Callas).
Janja Silva
Ao lado do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Janja Silva ajudou a chefiar a Cúpula do G20, que reuniu lideranças globais no Rio de Janeiro em novembro deste ano. Alguns dias antes, foi realizado o evento G20 Social, que teve a participação popular. O evento inédito foi anunciado por Lula na 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do G20, em Nova Délhi, na Índia. Na ocasião, o país assumiu simbolicamente a presidência do bloco.
Embora tenha se envolvido em polêmicas após xingar publicamente o empresário Elon Musk no G20 , a primeira-dama ficou a cargo da organização do festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Apelidado pelo público de “Janjpalooza”, o evento organizou shows de artistas brasileiros junto ao Ministério da Cultura (MinC).
O festival foi acessível ao público, sem cobrança de ingressos. No entanto, foram pagos, no total, R$ 870 mil em cachês, sendo que cada artista recebeu R$ 30 mil, segundo o MinC. Cantores como Seu Jorge, Ney Matogrosso, Daniela Mercury, Zeca Pagodinho, Maria Rita e Maria Gadú se apresentaram.
Liniker
Aos 29 anos, Liniker conquistou o Brasil com o álbum “Caju”, que alcançou seis milhões de reproduções em menos de 24 horas. O lançamento mais esperado de agosto emplacou quatro canções no top 200 do Spotify Brasil e, no iTunes, atingiu o top 1 na quinta como o álbum mais comprado na plataforma no Brasil. Ao colher os louros desse trabalho, a cantora ganhou quatro das 11 categorias que disputou no Prêmio Multishow 2024, realizado no início do mês, incluindo “Álbum do ano” e “Artista do ano”.
Reconhecimentos internacionais também aconteceram em 2024: ela também brilhou no Women’s Music Event Awards by Billboard 2024, no qual venceu as categorias “Álbum” e “Música Mainstream”, pela faixa homônima. Segundo o The Guardian, a artista é “uma sensação pop vencedora do Grammy, cujas performances hipnotizantes e músicas emocionantes conquistaram corações e mentes de milhões”.
Luciana Sagioro
Aos 18 anos, Luciana Sagioro foi a primeira bailarina brasileira alçada à condição de “Coryphée” (uma das principais do corpo de baile) da Ópera de Paris, na capital francesa, no mês passado. A atleta também foi pioneira ao conquistar espaço na companhia Ballet Ópera de Paris, a conhecida “École”, para artistas do Brasil.
Luciana está dançando em Paris desde 2023. No entanto, a bailarina pontua que a promoção do cargo como “Coryphée” se deu por meio de um concurso da École, que é realizado anualmente e envolve dezenas de competidores e avaliadores rígidos.
Maria Bethânia
Ao lado do irmão, Caetano Veloso, 82 anos, Maria Bethânia, 78 anos, encantou fãs de todo o Brasil com a turnê “Caetano & Bethânia”. Os shows mergulharam em sucessos das carreiras da dupla, que faturou cerca de 150 milhões de reais (considerando o preço médio dos ingressos, R$300,00).
Além de ter sido um sucesso de público e da crítica especializada, os irmãos percorreram dez cidades em 18 apresentações, incluindo as capitais de Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Com os ingressos esgotados, eles se apresentaram para aproximadamente meio milhão de pessoas. “Na estrada” desde o início de agosto, o sucesso da turnê levou Veloso e Bethânia a fazerem três shows extras.
Rebecca Andrade
Aos 25 anos, a ginasta Rebecca Andrade fez história nas Olimpíadas de Paris, realizadas entre julho e agosto, ao se tornar a maior medalhista brasileira de todos os tempos. Meses mais tarde, a atleta foi a personalidade mais buscada do mundo dos esportes no Google em 2024, de acordo com um levantamento obtido pela ESPN.
A atleta conquistou a medalha de ouro na final do solo na ginástica artística, na qual conseguiu 14.166. Favorita, a norte-americana Simone Biles pisou fora do tablado duas vezes e teve 0.6 de penalização, ficando com 14.133.
Sonia Guajajara
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foi homenageada pelo Prêmio Campeões da Terra 2024, considerada a maior honraria ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Realizada no dia 13 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a premiação visa homenagear pessoas e organizações com ações transformadoras sobre o meio ambiente.
“Estou muito feliz e honrada por receber o Prêmio Campeões da Terra, a maior honraria ambiental da ONU, neste Dia Internacional dos Direitos Humanos. Esse reconhecimento reforça ainda mais a responsabilidade e o compromisso de seguir defendendo e conscientizando as pessoas sobre a urgência de protegermos a biodiversidade do nosso planeta”, avaliou ao portal do Governo Federal.
Aos 50 anos, Sonia é a primeira pessoa a liderar o Ministério dos Povos Indígenas, órgão inédito em cinco séculos. Ele foi criado pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Tarciana Medeiros
Em janeiro de 2023, Tarciana Medeiros, 46 anos, assumiu a presidência do Banco do Brasil, o segundo maior da América Latina. A paraibana é a primeira mulher a presidir o banco em 215 anos de história, além de ser a única brasileira na lista “Forbes das 100 Mulheres mais Poderosas do Mundo” deste ano. A executiva estreou na 24ª posição no ano passado e, em 2024, está em 18º lugar, à frente de celebridades como Taylor Swift (23º), Oprah (33º) e Beyoncé (35º).
“O Banco do Brasil tem 200 anos, e nunca se pensou, nem de longe, em ter uma mulher na presidência. E nós vamos provar que uma mulher pode ser melhor do que muitos homens que já dirigiram o banco”, explicou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023.
Valentina Herszage
Aos 26 anos, Valentina Herszage é considerada uma das melhores atrizes de sua geração. A artista participou do renomado filme “Ainda Estou Aqui”, como filha mais velha de Eunice e Rubens Paiva, cotado para o Oscar e já indicado para outras muitas premiações. Ainda em 2024, a atriz protagonizou “As Polacas”, narrativa que joga luz sobre a condição de mulheres poloneses que eram enganadas e trazidas ao Brasil para atuar como prostitutas.
Em 1917, Rebeca (Valentina Herszage) foge da fome e da guerra na Polônia e chega ao Brasil para reencontrar o marido e iniciar uma nova vida. No Rio de Janeiro, ela descobre que ele faleceu e acaba refém de uma rede de prostituição e tráfico de mulheres. A personagem transgride as próprias crenças e encontra aliadas que vivem o mesmo drama. Juntas, decidem lutar por liberdade.
— Esse filme vem primeiro para mim como uma história de união feminina, mas acabei indo atrás da história dos meus bisavós. Eles vieram da Polônia pouco após a Primeira Guerra por conta do antissemitismo — disse Valentina ao Segundo Caderno. — É um roteiro que tem muita beleza, celebra a religiosidade de forma bonita.
Valentina Sampaio
Aos 26 anos, a cearense Valentina Sampaio foi a primeira modelo transexual a desfilar no “Victoria’s Secret Fashion Show”, realizado em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Bastante esperado pelas fãs da marca, o desfile voltou em outubro de 2024 após um hiato de seis anos com a promessa de ser mais inclusivo.
“Ser uma mulher trans frequentemente significa encarar portas fechadas, preconceito, falta de oportunidades e experiências traumatizantes. Então, poder estar no ‘Victoria’s Secret’, sendo uma mulher trans, tem um significado pessoal muito grande, além de ser uma vitória para todas as pessoas trans”, disse à CNN.
O desfile da marca de lingeries conta com modelos internacionais como Candice Swanepoel, Gigi Hadid, Tyra Banks e Behati Prinsloo, além da brasileira Adriana Lima. Aconteceram apresentações de Cher, Tyla e Lisa, do Blackpink.