Empresários investem em inovação para driblar a crise

9“A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o processo pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente”. A frase foi dita por Peter Drucke, um dos mais importantes e influentes estudiosos de gestão do mundo e tem mais peso que nunca no cenário atual da economia rio-pretense.

Pode soar como clichê, mas é regra, segundo consultores e especialistas de mercado: inovar é preciso. Hoje, empresas que deixam de investir em novidades e ficam paradas tendem a sofrer com a competição e também com o interesse constante dos consumidores pelo novo. Mais ainda: inovação é uma das grandes armas para enfrentar crises ou épocas de desaceleração da economia. Ousadia e arrojo costumam dar bons resultados, garantem os especialistas.

“Por mais que pareça estar tudo bem com seu negócio, é importante não ficar parado. Você pode ter concorrentes que já estão se destacando na mesma área de trabalho, você pode estar caminhando para a obsolescência ou mesmo ter caído na rotina. O consumidor quer novidades, sempre, e estar aberto às novidades do mercado é uma espécie de cultura que o empreendedor pode adquirir”, afirma o consultor do Sebrae-SP Renato Fonseca.

A inovação, seja em um negócio já existente ou em um novo empreendimento, serve como forma de alavancar o nome da empresa e chamar a atenção. “Ela impacta diretamente em resultado. Melhora o desempenho de uma empresa e aumenta o lucro, não importa o tamanho da empresa”, diz Fonseca.

No entanto, segundo o consultor da It Performance, Fernando Maquiaveli, tudo isso não significa que o empresário precisa se obrigar a inovar. “Não é acordar de manhã e dizer ‘preciso inovar’. Além disso, inovar não significa uma ruptura tão grande com o que já é feito ou mesmo algo mirabolante. É preciso, também, saber que inovação não quer dizer necessariamente tecnologia”. “Inovar é ter e investir em ideias interessantes que se destacam”, completa Fonseca.

O começo

Uma sugestão para iniciar um processo de mudança em sua empresa ou dar o pontapé em um novo empreendimento é se questionar sobre as necessidades do mercado. “Produza uma pergunta por semana e peça para que seus colaboradores e clientes respondam. Ao fim da semana, pegue essas respostas e veja o que pode ser extraído dali para melhorar a empresa, analisando e dando um retorno. É uma forma de utilizar a inteligência coletiva em favor da empresa”, aconselha o consultor do Sebrae-SP.

E uma das melhores formas de começar a se aventurar na inovação é testando suas ideias. Os testes servem como aprendizado e ajudam a reduzir os riscos. “Conforme o empresário vai recebendo o feedback do mercado, mais vai aprendendo sobre o seu negócio e seu cliente”, afirma Fonseca.

Mas é preciso se atentar para o que será perguntado. As questões devem ter ligação com a empresa e com o produto ou serviço. Além disso, o retorno obtido dos clientes deve ter peso nas decisões tomadas. “O consumidor é soberano. Sua opinião representa entre 70% e 80% na validação de uma ideia”, diz Maquiaveli.

Por último, um detalhe importante é não ter medo dos erros. De acordo com Fonseca, eles acontecem e fazem parte do processo. “O que o empresário deve fazer é seguir tentando minimizar os riscos com as tentativas e testes, identificando resultados e lidando com acertos e erros. Tudo isso faz parte da cultura da inovação. ”
Escola com cara de amor
Experiência em educação Anna Carolina Vilela já tinha, mas faltava montar o negócio com a sua cara, totalmente de acordo com suas crenças. Ao juntar a paixão por cuidar de crianças e o nicho de mercado da educação infantil, nasceu a Infantário dos Sonhos, escola que atende crianças de quatro meses a cinco anos.

O investimento para abrir o negócio está na casa dos R$ 130 mil e a capacidade é atender 50 crianças. Hoje, são 15. “Sabia da carência que Rio Preto tem de berçários, mas também temia a aceitação por um novo modelo de educação”, conta.

Ainda assim, decidiu apostar no sonho e hoje está realizada com uma empresa que mescla linhas pedagógicas menos convencionais, como Waldorf e Escola da Ponte.

Aberta em agosto, a Infantário dos Sonhos não tem a pretensão de alfabetizar a criança, mas de desenvolver suas multi habilidades. Pra isso há aulas de musicoterapia, inglês, ioga, artes e muita, muita brincadeira, inclusive ao ar livre. Sem contar o contato com a natureza e a liberdade, assistida obviamente, já que se tratam de crianças. Modelo novo no mercado local, a empresa é mais um exemplo de inovação num mercado forte e concorrido como o das escolas.

E, para tranquilizar os pais, há câmeras por toda a escola, que permitem que os filhos sejam vistos a qualquer momento. O próximo passo é montar grupos com os pais para que eles participem de atividades com os filhos como dança familiar, arte, shantalla, entre outras. “O trabalho é para criar crianças mais humanizadas, com mais amor”, afirma.

Quatro pedagogas atuam na escola, que tem uma cuidadora para quatro crianças. Os alunos podem ficar meio período ou período integral e lá também fazem o lanche e as refeições. O serviço custa a partir de R$ 590 por mês.
A demora no atendimento em bares e restaurantes é algo que incomoda muita gente. A partir desse incômodo que os empresários rio-pretenses Wander Rozendo e Ricardo Rozendo, pai e filho, tiveram a ideia de criar uma forma de agilizar o processo. Foi assim que nasceu o Sr. Garçom, sistema que permite ao cliente fazer o pedido, solicitar a conta e até mesmo pagá-la usando um tablet.

“O Sr. Garçom é um cardápio inovador que encurta as distâncias entre cliente e o estabelecimento, permitindo uma maior interação e extinguindo problemas com atrasos e/ou pedidos mal compreendidos pelo profissional. Assim, o cliente se torna o centro das decisões e do atendimento, garantindo que o pedido chegará da maneira correta e no menor tempo possível. Não será mais necessário escolher o prato, chamar o garçom, chamar o garçom novamente para mais um pedido, solicitar a conta para o garçom, efetuar o pagamento no caixa”, explica Ricardo.

O sistema começou a ser desenvolvido em 2011 com a intenção de facilitar o atendimento, sem eliminar o trabalhador humano, tornando o processo mais rápido e, consequentemente, aumentando o fluxo de caixa do restaurante, devido ao serviço mais ágil.

No começo de 2012 foi realizada a primeira implantação, ainda em fase de testes, no restaurante Cia do Cupim, dos próprios empresários.
Além disso, a utilização do Sr. Garçom garante ao estabelecimento melhores resultados. “O faturamento aumenta em média de 20% a 30%, devido à redução do desvio de caixa, do fim da falta de marcações e o melhor controle do estoque. Em contrapartida, os clientes tem mais clareza em seus pedidos”. Hoje, já são dez restaurantes em Rio Preto utilizando o sistema e mais cinco na região

Preocupação com uma alimentação saudável, praticidade, mercado. São várias as razões que podem levar alguém a criar um negócio. Até mesmo a própria mudança de vida. Foram esses alguns dos ingredientes que ajudaram a dar forma à Seio da Terra, empresa que vende e entrega cestas de alimentos agroecológicos. É justamente esse serviço personalizado, de entrega de produtos orgânicos em casa, num valor mais acessível, que torna a empresa inovadora.

E, para que exista um negócio, é preciso público e mercado. Os empresários Vitor Franco e Manuella Bastos Cassis perceberam a existência das duas coisas em Rio Preto, ao mesmo tempo em que adotavam uma alimentação mais saudável. “A cidade vem crescendo em número e qualidade. As pessoas estão mais preocupadas em cuidar da saúde. Por isso acredito que este seja um mercado em expansão, em que novos produtores ainda surgirão para suprir esta demanda crescente”, afirma ele.

O principal serviço da empresa, nascida em setembro, consiste na entrega de cestas de alimentos agroecológicos, feita às terças e quintas-feiras. São dois os tamanhos: slim (R$ 25) e família (R$ 40), que podem ter entre seis e 12 ingredientes. E o principal vetor de divulgação é o Facebook. “No dia anterior à entrega informamos os legumes, verduras e frutas da cesta da semana para que os clientes escolham os alimentos que mais se adequem às suas necessidades e/ou paladar. Os pedidos podem ser realizados pela página do Facebook ou por telefone”, explica.

A empresa não tem ponto fixo, faz as entregas na casa do cliente, mas também promove uma feirinha de alimentos agroecológicos na loja de produtos naturais Mundo Verde, às quartas-feiras, das 14h30 às 18h30. Entre os planos do empresário e produtor, estão ampliar o plantio e a variedade de alimentos. Hoje, a empresa também tem parceria com produtores locais, que cultivam alimentos sem agrotóxico por meio da agricultura familiar.

Empresário cria clube de viagens

Um clube sem fronteiras. Essa é a proposta do Viajar.com.vc. O “clube” em questão é um Boeing 737-300 e os associados podem participar de viagens para diversos destinos no Brasil com o pagamento de mensalidades que vão de R$ 99 a R$ 299.

Segundo o empresário Cid Drummond, proprietário da nave e mente por trás do Viajar.com.vc, a ideia surgiu da falta de tempo das pessoas. “Antigamente, as pessoas tinham tempo de se programar para ter férias. Julho, dezembro e janeiro, mais os feriados, somando tudo, as pessoas tinham uns três meses e meio, quatro meses de folga no ano. Hoje isso mudou, e as pessoas nem se deram conta disso. Todos trabalham e as férias não batem. Então, quando as pessoas podem viajar é o mesmo período que todo mundo pode viajar, o que torna a experiência complicada”.

Com o clube, o associado pode fazer viagens curtas, em um fim de semana, por exemplo, sem preocupação, evitando todos os problemas da aviação comercial, com um avião que age como particular.
Por exemplo, o associado que paga uma mensalidade de R$ 99 tem direito a duas viagens por ano, uma no primeiro semestre, outra no segundo, saindo do aeroporto de Rio Preto, além de uma série de descontos em resorts, hotéis, pousadas, passeios, restaurantes, parques, etc. “Por exemplo, fizemos uma viagem para Búzios e o hotel lá cobrava uma diária de R$ 600. Negociei com eles, por estar levando quase 150 pessoas, e consegui um desconto. O pessoal pagou R$ 150 de diária”, conta Drummond.

Fonte: Diário Web


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