Em agosto, a Cia. Siderúrgica Nacional SA, empresa comandada por Benjamin Steinbruch, prometeu reduzir seu endividamento para o menor patamar desde 2012. Hoje, as dívidas estão no maior nível em pelo menos 12 anos.
Para Steinbruch, presidente da CSN desde 2002, descumprimento da promessa é a mais recente de uma série de decepções. Há apenas cinco meses, a empresa com sede em São Paulo perdeu seu último RATING COMO grau de investimento.
Os detentores de títulos de dívida da CSN estão insatisfeitos e puxaram para baixo o preço DO US$ 1 bilhão em BONDS perpétuos para o recorde de 63,68 centavos de dólar depois que a companhia disse, no dia 12 de março, que sua dívida líquida havia saltado em meio a demanda enfraquecida com o débil crescimento da economia e a despencada nos preços do minério de ferro. Para agravar a queda, a CSN não conseguiu, pela terceira vez, comprar ativos de aço nos EUA e decidiu recomprar cerca de R$ 900 milhões (US$ 273 milhões) em ações, o que ajudou a diminuir os esforços de redução da dívida.
“Eles sempre tiveram uma gestão relativamente desfocada”, disse Wilbur Matthews, CEO da Vaquero Global Investment LP, por telefone, de San Antonio, EUA. “A diretoria acha que ela tem que fazer alguma coisa, que seja recomprar ações ou tentar uma aquisição”.
Os títulos de dívida, que perderam 26 por cento do valor desde setembro, ou cinco vezes a média do setor, agora têm um yield de mais de 10 por cento e estão se aproximando do status de “distressed” no mercado de bonds.
A assessoria de imprensa da CSN disse que não iria comentar a estratégia da diretoria ou o desempenho dos títulos, em resposta enviada por e-mail.
Corte da S&P
Em uma teleconferência no dia 12 de março, o diretor-executivo da CSN, David Salama, disse a analistas que a siderúrgica está procurando opções para reduzir a alavancagem, explicando que a empresa poderá estudar desinvestimentos em um momento de redução dos dividendos.
“Este é um ponto muito importante e nós estamos altamente preocupados em relação à alavancagem”, disse ele a analistas na teleconferência.
A empresa disse que terminou 2014 com uma dívida líquida de 4 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização — muito aquém de seu objetivo de 2,5 vezes e o nível mais alto desde 2003, pelo menos. Sua dívida líquida subiu para R$ 18,9 bilhões em 31 de dezembro.
Um dia depois que a CSN anunciou seus resultados, a Standard Poor’s reduziu o rating da siderúrgica pela segunda vez em cinco meses, para BB, dois níveis abaixo do grau de investimento. A perspectiva é estável.
“O que se esperava no começo do ano foi bem diferente do que efetivamente aconteceu em 2014”, disse Marcus Fernandes, analista da S&P, por telefone, de São Paulo. “Esse cenário mais negativo no Brasil e ainda fraco global para o minério deve limitar a capacidade da companhia de apresentar uma melhora significativa na métrica e desalavancar”.
Os preços do minério de ferro caíram 50 por cento nos últimos 12 meses, para US$ 55 por tonelada, nível mais baixo desde pelo menos 2009.
O JPMorgan Chase Co. reiterou seu rating “underweight” para a CSN no dia 17 de março, dizendo que as métricas de crédito da empresa deverão piorar ainda mais em meio a um cenário “fraco”.
“O risco de que haja mais rebaixamentos de rating é alto”, escreveram os analistas Julio Arantes e Daniel Sensel. “Nós continuamos preocupados em relação às políticas e à execução de investimento da CSN”.
Fonte: Uol