O ex-secretário do Tesouro americano Larry Summers afirmou ontem em um evento em Nova York que vê grande potencial para um “pouso suave” da economia dos EUA em meio à desaceleração da inflação enquanto o mercado de trabalho continua aquecido.
O “pouso suave” é como o mercado desenha o controle da inflação pela alta de juros do Federal Reserve (Fed), o banco central da maior economia do mundo, sem que isso provoque uma recessão econômica.
— Um pouso suave provavelmente parece mais factível hoje que em qualquer outro momento desde 2021, afirmou Summers, referindo-se ao período em que o Fed iniciou a maior alta de juros em duas décadas para debelar a onda inflacionária pós-Covid.
Professor da Universidade Harvard, Summers advertiu que “um pouso suave não está garantido”, mas acrescentou que “certamente é uma possibilidade muito real”.
Summers afirmou que o ciclo de alta de juros do Fed atenuou a demanda sem prejudicar o crescimento da economia, com um consumo que se tornou menos sensível às taxas de juros.
Enquanto uma aterrissagem tranquila aparece no horizonte da economia americana, os riscos permanecem, alertou o ex-auxiliar de Bill Clinton. O recente arrefecimento da inflação tem mais a ver com os preços que anteriormente tinham disparado exponencialmente do que com a “conquista de uma inflação fundamentalmente baixa”, disse.
Ele acrescentou que o crescimento dos salários e dos custos do trabalho “parecem distintos do necessário para uma meta de inflação de 2%”, como a americana.
Após um ano de inflação desacelerando constantemente, os preços ao consumidor nos EUA tiveram a maior subida em três meses em dezembro de 2023, em meio à alta de preços de serviços e bens. O mercado de trabalho também permanece saudável, em geral, com pedidos de seguro-desemprego em níveis historicamente baixos, mantendo salários elevados.
Entretanto, investidores e economistas estavam esperando que a economia americana iria esfriar neste ano com a política monetária, levando o Fed a voltar a pensar no crescimento. Os mercados agora estão precificando cortes nas taxas de juro em 2024, provavelmente a partir de março.
Mas essas previsões podem ser um tanto agressivas, diz Summers,acrescentando que dois a três cortes nos juros são mais prováveis que as expectativas atuais.
— Os mercados estão um pouco adiantados sobre quantos cortes o Fed deveria fazer ou provavelmente fará nos próximos meses — disse Summers, em debate com o professor de economia da Columbia Business School Glenn Hubbard, ex-chefe do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca.
O ex-secretário do Tesouro já há havia dito anteriormente que os investidores estão subestimando os riscos de nova alta da inflação, o que poderá prejudicar essas expectativas em relação à política monetária do Fed.