Será que o bilionário Steinmetz foi traído pelo CEO de sua empresa por uma mina de diamante?

O prêmio é um pedaço de terra na África que produz alguns dos diamantes mais valiosos do planeta para a joalheria de luxo Tiffany Co.

A briga pela mina Koidu, em Serra Leoa, coloca o pressionado bilionário israelense Beny Steinmetz e sua empresa BSG Resources Ltd. contra um governo que enfrenta dificuldades para reanimar uma economia prejudicada pela queda das commodities globais e pelo surto mais mortal de ebola da história.

Mas, esperando nos bastidores, há dois notórios banqueiros e uma estrela da franquia cinematográfica “Jogos Vorazes”, dispostos a comprar o ativo. Acrescente ao roteiro uma gravação secreta do agora ex-braço direito de Steinmetz no projeto e o que surge é uma história de traição que oferece uma rara visão sobre a forma como as empresas de recursos naturais operam em alguns dos países mais pobres do mundo.

“Eu estou tirando o meu boné da BSGR daqui”, disse o CEO da BSGR de Steinmetz, Brett Richards, em uma reunião com autoridades em Freetown, em agosto, incluindo o ministro de Minas e Recursos Minerais, Minkailu Mansaray. “A BSGR certamente não é a solução”, disse o CEO da BSGR ao discutir a retirada da licença de mineração da empresa para a mina Koidu, segundo uma gravação de áudio da reunião ouvida pela Bloomberg News. “O grupo Jide é a solução”.

Ator americano

O “grupo Jide” que Richards menciona ao dar preferência a um rival é uma referência a Jide Zeitlin, um ex-banqueiro de investimento sênior do Goldman Sachs Group Inc., e a seu sócio, o ator americano Jeffrey Wright, ganhador de um Emmy, que possui interesses em minerais em Serra Leoa através da Taia Lion Resources Inc. Os dois investidores, assessorados pelo ex-banqueiro do JPMorgan Chase Co., Ian Hannam, vinham tentando adquirir a mina endividada de Steinmetz e queriam a aprovação de Serra Leoa.

Richards, que pediu demissão em um e-mail a executivos, banqueiros e advogados da BSGR depois que o áudio foi distribuído a eles no fim de agosto, não contesta a autenticidade da gravação, apenas o contexto. Segundo o e-mail, Richards diz que a gravação reflete apenas uma parte de uma conversa mais longa e que sua intenção era adiar uma atitude do governo de possivelmente tirar o ativo da empresa.

A BSGR diz que os comentários de Richard ao ministro “representaram de uma forma completamente equivocada” sua posição. Mansaray, o ministro de Minas de Serra Leoa, não deu retorno a um telefonema e a um e-mail em busca de comentário.

“Em nenhum momento durante minha gestão”, disse Richards no comunicado, “minhas intenções ou ações não foram pelo interesse maior da empresa”.

A Keffi Group, uma empresa controlada por Zeitlin, que também é presidente do conselho da fabricante de bolsas de luxo Coach Inc., confirmou em um comunicado o interesse inicial do grupo em adquirir Koidu, acrescentando que poderia entregar benefícios sociais e financeiros substanciais ao povo e ao governo de Serra Leoa. Hannam, da Hannam Partners, assessor de Wright e Keffi, preferiu não comentar.

Em agosto, um dia depois de Richards ter sido gravado sugerindo que o ministro de Minas de Serra Leoa, Mansaray, poderia expropriar Koidu legitimamente, o governo enviou uma carta à empresa, vista pela Bloomberg News, dizendo que pretendia fazer exatamente isso. A BSGR respondeu com outra carta, dizendo que estava “chocada e consternada” com a decisão.

Em um e-mail enviado a executivos e credores da BSGR para justificar suas ações, Richards disse que estava apenas tentando ganhar tempo para manter a mina funcionando o máximo de tempo possível ou “convencer o ministério” de que poderia encontrar um comprador.

Caminho pouco ortodoxo

“O caminho para chegar lá quando alguém está com as costas contra a parede é, às vezes, pouco ortodoxo”, disse Richards no e-mail.

Além disso, é um caminho que o conselho da empresa não aprecia.

“A comunicação feita com o governo representou de uma forma completamente equivocada a nossa posição”, disse Dag Cramer, um diretor executivo da BSGR, em entrevista falando em nome da empresa e de Steinmetz. “Não há motivos para a nossa licença estar sob ameaça. Não há dúvida de que continuaremos as operações de mineração na Koidu durante pelo menos mais sete anos”.

Fonte: Uol


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