A vida das mulheres que trocam sexo por ouro na Amazônia

Quando o corpo de Raiele da Silva Santos, de 26 anos, foi encontrado no Cuiú-Cuiú, um dos garimpos na zona rural de Itaituba, no sudoeste do Pará, ela já estava desaparecida havia três dias.

Ela foi encontrada já sem vida em seu quarto “em avançado estado de putrefação, seminua, com sinais de violência e possível estupro”, segundo documento produzido à época pela polícia local.

Mãe de duas crianças — ela havia perdido recentemente uma terceira gravidez —, filha e neta de garimpeiros, Raiele encerrava ali uma vida toda no garimpo, onde ao longo dos anos trabalhou como cozinheira, garçonete e em cabarés.

No Cuiú-Cuiú, a 11 horas de viagem do centro urbano de Itaituba, ela morava havia cerca de quatro anos. Ainda assim, ninguém deu por sua falta até que o mau cheiro vindo de um dos quartos da vila garimpeira chamou a atenção de vizinhos.

“Sempre a gente via essa questão, de mulher ser morta em garimpo. Sempre teve isso”, diz Railane da Silva Santos, de 34 anos e irmã mais velha de Raiele.

“Só que, para mim, nunca ia acontecer com a minha família. Eu nasci no garimpo, me criei no garimpo, e hoje tenho medo de viver no garimpo”, completa Railane, em entrevista à BBC News Brasil para esta reportagem e para o documentário Sexo, ouro, violência: A vida das mulheres nos garimpos da Amazônia.

O documentário estreia no canal da BBC News Brasil no YouTube nesta quinta-feira (5/12), às 12h (horário de Brasília).

A morte de Raiele em 2023 não foi o único caso recente de mulher encontrada morta e com sinais brutais de violência no garimpo Cuiú-Cuiú.

Um ano antes, Luciana do Nascimento, amiga de infância de Raiele, foi assassinada por um homem a pauladas enquanto trabalhava no local como prostituta, segundo documentos oficiais.

Os casos são exemplos extremos de uma rotina de violências a que mulheres em garimpos são submetidas.

Um problema difícil de quantificar e que ganhou escala ao longo da última década com a forte expansão da extração de minério na Amazônia. Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), na maioria das vezes, as violações de direitos das mulheres nos garimpos ficam fora do radar das autoridades.

“No garimpo, as mulheres estão expostas a todo tipo de violência: física, emocional, patrimonial e também sexual, obviamente”, alerta Marcela Ulhoa, coordenadora no UNODC.

Na última década, o Brasil viveu uma explosão da mineração ilegal de ouro em sua região amazônica, em meio à alta de preços do metal no mercado internacional, à crise econômica agravada pela pandemia de covid-19 e ao afrouxamento de medidas de fiscalização durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).

O território ocupado pelo garimpo de ouro na Amazônia brasileira mais do que dobrou entre 2014 e 2023, passando de 92 mil hectares para 220 mil hectares — uma área maior do que a cidade de São Paulo e equivalente a 229 mil campos de futebol — de acordo com números do MapBiomas, iniciativa do Observatório do Clima de mapeamento da cobertura e uso da terra no Brasil.

Segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cerca de 20% da produção brasileira de ouro tem evidências de ilegalidade, como a exploração em áreas de conservação ou indígenas, falta de documentação e o uso de químicos contaminantes, como o mercúrio.

Em Itaituba, garimpos como o Cuiú-Cuiú misturam áreas de exploração legal e ilegal.

Embora ações recentes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenham ajudado a controlar a expansão do garimpo, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, os preços altos do metal no mercado internacional servem de incentivo para que milhares de brasileiros continuem tentando a sorte em áreas de extração ilegal de ouro em meio à floresta.

Enquanto a atividade de garimpo continua, também segue viva a atividade de prostituição e exploração sexual nestas áreas.

Atraídas pela promessa de riqueza em regiões carentes de outras oportunidades de trabalho bem remuneradas, milhares de mulheres arriscam suas vidas.

Após meses de investigação e dezenas de entrevistas, a BBC News Brasil viajou ao epicentro do garimpo no Brasil para conhecer o cotidiano dessas mulheres. Aqui elas contam suas histórias.

‘Quando homem paga, ele quer ser dono da mulher’

‘A mulher é muito humilhada por ser mulher de bar’, diz Dayane

Leide Dayane Leite dos Santos, de 34 anos, recebeu esse nome em homenagem à princesa Diana (1961-1997), da Família Real Britânica.

“Meu pai queria me dar um nome de princesa”, conta a mãe de sete filhos, com idades entre dois e 16 anos.

A primeira vez que Dayane foi ao garimpo, ela conta que tinha 12 anos. Foi levada por uma mulher que conheceu na orla de Itaituba num grupo de quatro meninas — as outras, ela calcula, tinham idades entre 13 e 15 anos.

Às margens do Rio Tapajós, Itaituba é o município com maior área minerada do Brasil, representando sozinho 16% de toda a área garimpada do país em 2022, segundo o MapBiomas.

É da cidade de 123 mil habitantes e ruas cobertas da poeira vermelha da rodovia Transamazônica que saem muitas das máquinas usadas nos garimpos da região — entre 2020 e 2021, Itaituba respondeu por 75% de todo o ouro ilegal produzido no Brasil, de acordo com outro estudo da UFMG.

Em sua primeira incursão ao garimpo, Dayane conta que apenas ajudou na cozinha. Mas a experiência foi interrompida de forma trágica: uma das meninas de seu grupo, trabalhando na prostituição e usuária de drogas, foi assassinada a tiros na sua frente pela cafetina, relata.

“Nós voltamos para a cidade no carro da polícia, porque éramos todas menores de idade. A menina, depois do crime, a gente descobriu que tinha 13 anos.”

Traumatizada pela experiência, Dayane levaria alguns anos para retornar ao garimpo. Aos 17, teve sua primeira experiência na prostituição.

Seu marido morreu e ela ficou com uma dívida de R$ 8 mil do enterro, uma soma impagável para sua família. “Passados 15 dias que ele tinha falecido, uma amiga me convidou para ir ao garimpo.”

“Eu fui trabalhar lá, completei meus 18 anos lá dentro. Paguei a dívida em 15 dias, o que na época dava 12 gramas de ouro. Passei quatro meses trabalhando lá, para ter dinheiro para vir embora.”

Desde então, Dayane já voltou diversas vezes ao garimpo, trabalhando como cozinheira, lavadeira, nas máquinas de extração de ouro e em bares, como garçonete e fazendo programa.

Como a maioria das mulheres que trabalham em garimpo, ela alterna períodos na cidade e outros em meio à floresta, onde tenta garantir o sustento de seus filhos.

No garimpo, o dinheiro do ouro vem mais rápido do que em outros trabalhos “mais sossegados e seguros”, diz Dayane. Mas também cobra seu preço.

“Já aconteceu de eu estar dormindo no quarto e um rapaz pular para dentro e botar a arma na minha cabeça”, lembra, explicando que havia dito um “não” para este homem mais cedo no salão.

“A mulher é muito humilhada por ser mulher de bar. Quando os homens pagam, eles querem ser donos das mulheres.”

‘Eu quero ganhar em ouro’

Natalia viralizou nas redes sociais ao mostrar em vídeos seu cotidiano como dona de cabaré em um garimpo

Natalia Souza Cavalcante, de 28 anos, viralizou nas redes sociais como um exemplo de “empreendedorismo feminino”, ao mostrar em vídeos no Instagram e TikTok seu cotidiano como dona de cabaré na região garimpeira de Itaituba.

Antes do garimpo, ela trabalhou em loja, fez faxina, foi garçonete e vendeu marmitas. Como Dayane, Natalia diz que foi trabalhar como prostituta na região garimpeira por conta de uma dívida.

“Já tinha mais de ano que meu nome estava sujo, eu tentava pagar e não dava certo. Então decidi ir para o garimpo”, afirma. “Eu não queria ir, mas foi o jeito.”

Na sua primeira ida ao garimpo, ela conta que conseguiu R$ 5 mil em um mês.

“Se eu estivesse trabalhando na cidade, ia levar cinco ou seis meses para ganhar esse dinheiro.”

Na segunda vez em que foi, Natalia conheceu seu atual marido, proprietário de um bar no local. Ela passou a ajudá-lo na administração do bar, tornando-se então “dona do cabaré”.

Bares, cabarés e comércios são os centros da vida social nas vilas garimpeiras, chamadas de currutelas. Ao redor, distantes alguns quilômetros, ficam os baixões ou barrancos onde o ouro é extraído.

São nessas clareiras na mata que em geral trabalham o dono das máquinas, os garimpeiros e uma cozinheira, vivendo em barracas de lona precárias.

Em clareiras na mata, em geral trabalham o dono das máquinas, os garimpeiros e uma cozinheira, vivendo em barracas de lona precárias

Depois de dias de extração de ouro nos baixões, é hora de “despescar”.

“‘Despescar’ é quando os garimpeiro trabalham a semana, queimam o ouro e dividem quanto que cada um vai ficar e aí vão para o bar”, conta Natalia.

“Sobre o pagamento, são as meninas que decidem com o cliente: ‘Eu quero ganhar em ouro’. A gente pega uma balança, pesa o ouro e entrega para a moça”, acrescenta.

Segundo ela, as garotas ficam com o dinheiro do programa, mas o cliente paga aos donos do cabaré uma “chave”. “Funciona como um hotel, paga pelo uso do quarto, que dependendo do garimpo é R$ 50, R$ 80, até R$ 150.”

Natalia afirma que muitas das meninas que vão trabalhar no cabaré a procuram, mas às vezes ela também busca ativamente meninas novas, perguntando para as que já foram se elas têm amigas interessadas em tentar a sorte.

“Se a pessoa for de confiança, a gente manda o dinheiro da passagem ou combina com algum motorista para buscar. Se ela quiser arrumar cabelo, unha ou fazer uma marquinha [de biquíni] antes de ir, a gente manda o dinheiro. E ela paga a gente depois de fazer os ‘corres'”, explica.

Tendo ela mesma passado pela experiência da prostituição, Natalia vê algum conflito em atrair outras mulheres para a atividade?

“Às vezes a gente pensa: ‘Poxa, eu estou fazendo a menina vir para o bar, para fazer programa’. Eu já passei por aquilo e a gente sabe que não é tão legal”, reflete.

“Mas eu penso: a menina tem uma família, às vezes tem filho para criar, e muitas delas vão para ajudar a criar a criança. Então a gente aceita.”

‘Instituições têm dificuldade de enxergar essas mulheres’

Marcela Ulhoa, do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, explica que a naturalização é um dos fatores que dificultam a ação das autoridades locais no combate à violência contra as mulheres nos garimpos.

“As instituições têm dificuldade de enxergar a situação dessas mulheres pelo viés do tráfico de pessoas e da exploração sexual”, afirma.

Entre os elementos que caracterizam esses crimes, explica ela, estão o agenciamento, transporte e alojamento dessas mulheres, a situação de vulnerabilidade e o endividamento. Ela observa que esse trânsito de mulheres não ocorre só no Brasil, mas também em países vizinhos como Guiana, Suriname e Guiana Francesa, com muitas venezuelanas também envolvidas na prostituição.

“As pessoas e as instituições consideram o fato de que a mulher está ali porque quer e isso é uma barreira para o entendimento de que ela quer, mas há uma situação de vulnerabilidade muito grande por trás desse querer.”

“Hoje há um grande gargalo que é a identificação [dos crimes de tráfico de pessoas e exploração sexual nos garimpos]”, afirma a especialista.

“Você não identifica o problema, não consegue mensurar, não tem registro dele. É como se não existisse.”

Segundo a porta-voz do escritório da ONU, isso fica evidente na ausência de estatísticas sobre o trabalho das mulheres nas regiões garimpeiras.

O governo não sabe sequer quantos garimpeiros atuam no país — documento oficial recente afirma que as estimativas variam de 80 mil a 800 mil.

Brasil é o 14º maior produtor de ouro do mundo, com as exportações brasileiras do metal movimentando US$ 3,5 bilhões (R$ 21,2 bilhões ao câmbio atual) em 2023

Questionado pela BBC, o Ministério da Justiça e Segurança Pública reconhece a falta de dados. A pasta, porém, enfatiza os esforços para enfrentamento ao tráfico de pessoas e à exploração sexual em garimpos, incluindo operações conjuntas, parcerias com organizações internacionais e campanhas de conscientização.

Já governo do Pará afirma que a Polícia Civil do Estado apura denúncias de exploração sexual na região e realizou neste ano operação para investigar possíveis crimes em garimpos e promover a conscientização da comunidade.

Uma características do trabalho atual das mulheres no garimpo é que muitas delas são atraídas por anúncios nas redes sociais, como Facebook e WhatsApp.

No Brasil, prostituir-se não é crime, mas atrair alguém para a prostituição, facilitá-la ou manter casa de prostituição são crimes previstos pelo Código Penal.

Questionada, a Meta, controladora do Facebook, afirmou que as políticas da rede social não permitem oferta ou solicitação de atividade sexual, e que coopera com as autoridades locais. O WhatsApp afirmou que, devido à criptografia, não tem acesso ao conteúdo das mensagens e não realiza moderação de conteúdo.

Marcela Ulhoa observa que há um ciclo de pobreza que se perpetua entre as gerações na Amazônia, que cria as condições de vulnerabilidade que levam as mulheres ao trabalho nos garimpos.

“Estamos falando de comunidades às vezes com 5 mil, 6 mil pessoas, onde só há o Ensino Fundamental. Não tem nem o Ensino Médio, não tem uma atividade de lazer para as crianças, não tem nada. Então a criança vai crescer e qual a única coisa que vai sobrar para ela? Trabalhar com garimpo.”

‘Eu não sei mais o que é sonho’

Filha e neta de garimpeiros, Raiele nasceu e morreu nos garimpos de Itaituba

Raiele da Silva Santos foi uma dessas crianças nascidas e criadas no garimpo. A filha caçula de uma família de cinco irmãos, todos nascidos na comunidade do Penedo, nas margens do Tapajós.

Rosilda da Silva Carvalho, a mãe de Raiele, veio do Maranhão aos 20 e poucos anos, atraída pela irmã com promessas de riqueza nos garimpos do Pará.

No Penedo, conheceu o pai de seus filhos e um cotidiano de violência doméstica.

Após se separar, e passando dificuldades para sustentar a família, decidiu tentar a sorte nos garimpos da Guiana Francesa.

“Nós passamos quase 16 anos longe da nossa mãe”, lembra Railane, a irmã mais velha de Raiele.

“Ela foi viver a vida nesses garimpos longe, fora do Brasil, e nós ficamos com um e outro da família.”

A irmã mais velha conta que, aos 13 anos, Raiele começou a ir para os garimpos.

Antes dos 26 anos, casou-se três vezes e teve dois filhos, que também foram criados por conhecidos e parentes. Pouco antes de sua morte, estava novamente apaixonada e grávida, mas perdeu a criança ainda na barriga.

O corpo de Raiele foi encontrado no dia 31 de maio de 2023. Três dias antes, ela bebia com amigas num bar no garimpo Cuiú-Cuiú, quando um homem teria oferecido dinheiro para dormir com ela.

Ela teria dito que não, sendo levada pelas amigas já bastante alcoolizada para o quarto onde estava hospedada.

Foi neste quarto que seu corpo foi encontrado dias depois, em avançado estado de decomposição e com sinais de violência. O local mostrava evidências de luta corporal e havia presença de sangue humano em diversos objetos, conforme a perícia realizada pela polícia civil.

Um homem foi preso como suspeito pelo assassinato de Raiele. Ao serem contatados pela BBC News Brasil, seus advogados preferiram não se manifestar. Nos autos do processo, ele nega todas as acusações.

A morte de Raiele gerou uma incomum onda de protestos em Itaituba, pedindo por Justiça e chamando atenção para a violência contra as mulheres na região.

O caso, porém, não ganhou a atenção da imprensa nacional ou teve qualquer repercussão para além do noticiário policial local.

A última vez em que o garimpo Cuiú-Cuiú chegou às manchetes foi no início dos anos 1990, quando o jornalista Gilberto Dimenstein (1956-2020), então da Folha de S. Paulo, revelou a realidade da prostituição de meninas nos garimpos à época.

Hoje, a prostituição infantil é menos comum na região, devido à ação das autoridades locais, mas a violência contra as mulheres segue acontecendo.

De volta ao Brasil após 15 anos nos garimpos da Guiana Francesa, a mãe de Raiele agora cuida dos dois netos órfãos.

A casa de madeira onde ela vive de aluguel em uma vila na região garimpeira de Itaituba não tem móveis na sala, apenas um tapete e uma televisão. No quarto, ela divide a cama que lhe foi doada com a neta mais velha.

‘A Justiça no Brasil é muito lenta’, diz Rosilda, que sonha com uma casa própria para viver e cuidar dos netos, agora órfãos

“Logo que eu cheguei aqui, nós dormíamos no chão. Aí eu ganhei essa cama, agora a menina dorme comigo nela e o menino dorme na rede”, diz Rosilda.

Ela conta que tem dificuldade para dormir à noite, pensando em justiça para a filha caçula. “Vejo anoitecer, vejo amanhecer… Eu não sei mais o que é sonho.”

No celular, ela guarda as fotos brutais do corpo de Raiele, que circularam nas redes sociais após a morte da filha.

“As pessoas me perguntam: ‘Por que a senhora não apaga isso?’ Não vou apagar porque, um dia, se quiserem libertar ele [o suspeito do crime], eu tenho como mostrar o que ele fez com a minha filha”, diz Rosilda.

“A Justiça no Brasil é muito lenta.”

Mais de um ano e meio após a morte de Raiele, o caso ainda não foi a julgamento.

‘Essa vida eu não quero para os meus filhos’

Segundo Marcela Ulhoa, do UNODC, para mudar o cotidiano de violência enfrentado pelas mulheres nos garimpos da Amazônia é preciso uma combinação de conscientização das comunidades e das autoridades locais, com mais oportunidades de educação e de trabalho para as mulheres.

Ela destaca, porém, que uma política para ampliar as oportunidades para as mulheres de baixa renda na Amazônia precisa levar em conta a questão do cuidado.

“Não é só emprego, é entender que às vezes essa mulher é uma mãe solteira de cinco filhos. Mesmo que ela tenha emprego, com quem ela vai deixar os filhos? É uma questão de emprego e renda, mas é também algo muito mais complexo.”

Pensando nos filhos, Dayane quer voltar uma última vez ao garimpo. Ela planeja juntar dinheiro para um dia ter um negócio próprio, uma lanchonete na cidade.

“Eu ainda não tenho condições de realizar esse sonho. Ainda vou ter que voltar mais uns dois, três meses para o garimpo, mas eu não tenho mais saúde para trabalhar assim. Quero parar e investir nos meus filhos agora.”

Após sua experiência como “dona do cabaré”, Natalia voltou a viver na cidade, para ajudar a cuidar das duas filhas de seu irmão, morto num acidente de carro.

Com o dinheiro que ganhou no garimpo, ela construiu sua casa e comprou uma moto. Agora sonha com um dia fazer uma faculdade.

‘Eu não quero que meus filhos aprendam o que o garimpo ensina’, diz Railane

Railane, a irmã mais velha de Raiele, é mãe de três filhos e também sonha para eles uma vida longe dos garimpos.

“Eu estou aqui porque minha mãe não me passou essa visão, ela me ofereceu aquilo que ela vivia e eu aprendi a viver da mesma forma. Essa vida eu não quero para os meus filhos.”

Para os filhos de Raiele, agora sob os cuidados da avó, ela também deseja uma vida longe dali.

“Eu não quero que eles aprendam o que esse local [o garimpo] ensina. Se você vai aqui no centro, vê cabaré, homem bêbado, prostituta. Não tem como uma criança crescer com outras vontades.”

“Então talvez tudo isso tenha acontecido para a gente tentar fazer dos filhos dela algo diferente.”

Com a colaboração de Carla Rosch e Caroline Souza, da equipe de jornalismo visual da BBC.

A vida das mulheres que trocam sexo por ouro na Amazônia

Quando o corpo de Raiele da Silva Santos, de 26 anos, foi encontrado no Cuiú-Cuiú, um dos garimpos na zona rural de Itaituba, no sudoeste do Pará, ela já estava desaparecida havia três dias.

Ela foi encontrada já sem vida em seu quarto “em avançado estado de putrefação, seminua, com sinais de violência e possível estupro”, segundo documento produzido à época pela polícia local.

Mãe de duas crianças — ela havia perdido recentemente uma terceira gravidez —, filha e neta de garimpeiros, Raiele encerrava ali uma vida toda no garimpo, onde ao longo dos anos trabalhou como cozinheira, garçonete e em cabarés.

No Cuiú-Cuiú, a 11 horas de viagem do centro urbano de Itaituba, ela morava havia cerca de quatro anos. Ainda assim, ninguém deu por sua falta até que o mau cheiro vindo de um dos quartos da vila garimpeira chamou a atenção de vizinhos.

“Sempre a gente via essa questão, de mulher ser morta em garimpo. Sempre teve isso”, diz Railane da Silva Santos, de 34 anos e irmã mais velha de Raiele.

“Só que, para mim, nunca ia acontecer com a minha família. Eu nasci no garimpo, me criei no garimpo, e hoje tenho medo de viver no garimpo”, completa Railane, em entrevista à BBC News Brasil para esta reportagem e para o documentário Sexo, ouro, violência: A vida das mulheres nos garimpos da Amazônia.

O documentário estreia no canal da BBC News Brasil no YouTube nesta quinta-feira (5/12), às 12h (horário de Brasília).

A morte de Raiele em 2023 não foi o único caso recente de mulher encontrada morta e com sinais brutais de violência no garimpo Cuiú-Cuiú.

Um ano antes, Luciana do Nascimento, amiga de infância de Raiele, foi assassinada por um homem a pauladas enquanto trabalhava no local como prostituta, segundo documentos oficiais.

Os casos são exemplos extremos de uma rotina de violências a que mulheres em garimpos são submetidas.

Um problema difícil de quantificar e que ganhou escala ao longo da última década com a forte expansão da extração de minério na Amazônia. Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), na maioria das vezes, as violações de direitos das mulheres nos garimpos ficam fora do radar das autoridades.

“No garimpo, as mulheres estão expostas a todo tipo de violência: física, emocional, patrimonial e também sexual, obviamente”, alerta Marcela Ulhoa, coordenadora no UNODC.

Na última década, o Brasil viveu uma explosão da mineração ilegal de ouro em sua região amazônica, em meio à alta de preços do metal no mercado internacional, à crise econômica agravada pela pandemia de covid-19 e ao afrouxamento de medidas de fiscalização durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).

O território ocupado pelo garimpo de ouro na Amazônia brasileira mais do que dobrou entre 2014 e 2023, passando de 92 mil hectares para 220 mil hectares — uma área maior do que a cidade de São Paulo e equivalente a 229 mil campos de futebol — de acordo com números do MapBiomas, iniciativa do Observatório do Clima de mapeamento da cobertura e uso da terra no Brasil.

Segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cerca de 20% da produção brasileira de ouro tem evidências de ilegalidade, como a exploração em áreas de conservação ou indígenas, falta de documentação e o uso de químicos contaminantes, como o mercúrio.

Em Itaituba, garimpos como o Cuiú-Cuiú misturam áreas de exploração legal e ilegal.

Embora ações recentes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenham ajudado a controlar a expansão do garimpo, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, os preços altos do metal no mercado internacional servem de incentivo para que milhares de brasileiros continuem tentando a sorte em áreas de extração ilegal de ouro em meio à floresta.

Enquanto a atividade de garimpo continua, também segue viva a atividade de prostituição e exploração sexual nestas áreas.

Atraídas pela promessa de riqueza em regiões carentes de outras oportunidades de trabalho bem remuneradas, milhares de mulheres arriscam suas vidas.

Após meses de investigação e dezenas de entrevistas, a BBC News Brasil viajou ao epicentro do garimpo no Brasil para conhecer o cotidiano dessas mulheres. Aqui elas contam suas histórias.

‘Quando homem paga, ele quer ser dono da mulher’

‘A mulher é muito humilhada por ser mulher de bar’, diz Dayane

Leide Dayane Leite dos Santos, de 34 anos, recebeu esse nome em homenagem à princesa Diana (1961-1997), da Família Real Britânica.

“Meu pai queria me dar um nome de princesa”, conta a mãe de sete filhos, com idades entre dois e 16 anos.

A primeira vez que Dayane foi ao garimpo, ela conta que tinha 12 anos. Foi levada por uma mulher que conheceu na orla de Itaituba num grupo de quatro meninas — as outras, ela calcula, tinham idades entre 13 e 15 anos.

Às margens do Rio Tapajós, Itaituba é o município com maior área minerada do Brasil, representando sozinho 16% de toda a área garimpada do país em 2022, segundo o MapBiomas.

É da cidade de 123 mil habitantes e ruas cobertas da poeira vermelha da rodovia Transamazônica que saem muitas das máquinas usadas nos garimpos da região — entre 2020 e 2021, Itaituba respondeu por 75% de todo o ouro ilegal produzido no Brasil, de acordo com outro estudo da UFMG.

Em sua primeira incursão ao garimpo, Dayane conta que apenas ajudou na cozinha. Mas a experiência foi interrompida de forma trágica: uma das meninas de seu grupo, trabalhando na prostituição e usuária de drogas, foi assassinada a tiros na sua frente pela cafetina, relata.

“Nós voltamos para a cidade no carro da polícia, porque éramos todas menores de idade. A menina, depois do crime, a gente descobriu que tinha 13 anos.”

Traumatizada pela experiência, Dayane levaria alguns anos para retornar ao garimpo. Aos 17, teve sua primeira experiência na prostituição.

Seu marido morreu e ela ficou com uma dívida de R$ 8 mil do enterro, uma soma impagável para sua família. “Passados 15 dias que ele tinha falecido, uma amiga me convidou para ir ao garimpo.”

“Eu fui trabalhar lá, completei meus 18 anos lá dentro. Paguei a dívida em 15 dias, o que na época dava 12 gramas de ouro. Passei quatro meses trabalhando lá, para ter dinheiro para vir embora.”

Desde então, Dayane já voltou diversas vezes ao garimpo, trabalhando como cozinheira, lavadeira, nas máquinas de extração de ouro e em bares, como garçonete e fazendo programa.

Como a maioria das mulheres que trabalham em garimpo, ela alterna períodos na cidade e outros em meio à floresta, onde tenta garantir o sustento de seus filhos.

No garimpo, o dinheiro do ouro vem mais rápido do que em outros trabalhos “mais sossegados e seguros”, diz Dayane. Mas também cobra seu preço.

“Já aconteceu de eu estar dormindo no quarto e um rapaz pular para dentro e botar a arma na minha cabeça”, lembra, explicando que havia dito um “não” para este homem mais cedo no salão.

“A mulher é muito humilhada por ser mulher de bar. Quando os homens pagam, eles querem ser donos das mulheres.”

‘Eu quero ganhar em ouro’

Natalia viralizou nas redes sociais ao mostrar em vídeos seu cotidiano como dona de cabaré em um garimpo

Natalia Souza Cavalcante, de 28 anos, viralizou nas redes sociais como um exemplo de “empreendedorismo feminino”, ao mostrar em vídeos no Instagram e TikTok seu cotidiano como dona de cabaré na região garimpeira de Itaituba.

Antes do garimpo, ela trabalhou em loja, fez faxina, foi garçonete e vendeu marmitas. Como Dayane, Natalia diz que foi trabalhar como prostituta na região garimpeira por conta de uma dívida.

“Já tinha mais de ano que meu nome estava sujo, eu tentava pagar e não dava certo. Então decidi ir para o garimpo”, afirma. “Eu não queria ir, mas foi o jeito.”

Na sua primeira ida ao garimpo, ela conta que conseguiu R$ 5 mil em um mês.

“Se eu estivesse trabalhando na cidade, ia levar cinco ou seis meses para ganhar esse dinheiro.”

Na segunda vez em que foi, Natalia conheceu seu atual marido, proprietário de um bar no local. Ela passou a ajudá-lo na administração do bar, tornando-se então “dona do cabaré”.

Bares, cabarés e comércios são os centros da vida social nas vilas garimpeiras, chamadas de currutelas. Ao redor, distantes alguns quilômetros, ficam os baixões ou barrancos onde o ouro é extraído.

São nessas clareiras na mata que em geral trabalham o dono das máquinas, os garimpeiros e uma cozinheira, vivendo em barracas de lona precárias.

Em clareiras na mata, em geral trabalham o dono das máquinas, os garimpeiros e uma cozinheira, vivendo em barracas de lona precárias

Depois de dias de extração de ouro nos baixões, é hora de “despescar”.

“‘Despescar’ é quando os garimpeiro trabalham a semana, queimam o ouro e dividem quanto que cada um vai ficar e aí vão para o bar”, conta Natalia.

“Sobre o pagamento, são as meninas que decidem com o cliente: ‘Eu quero ganhar em ouro’. A gente pega uma balança, pesa o ouro e entrega para a moça”, acrescenta.

Segundo ela, as garotas ficam com o dinheiro do programa, mas o cliente paga aos donos do cabaré uma “chave”. “Funciona como um hotel, paga pelo uso do quarto, que dependendo do garimpo é R$ 50, R$ 80, até R$ 150.”

Natalia afirma que muitas das meninas que vão trabalhar no cabaré a procuram, mas às vezes ela também busca ativamente meninas novas, perguntando para as que já foram se elas têm amigas interessadas em tentar a sorte.

“Se a pessoa for de confiança, a gente manda o dinheiro da passagem ou combina com algum motorista para buscar. Se ela quiser arrumar cabelo, unha ou fazer uma marquinha [de biquíni] antes de ir, a gente manda o dinheiro. E ela paga a gente depois de fazer os ‘corres'”, explica.

Tendo ela mesma passado pela experiência da prostituição, Natalia vê algum conflito em atrair outras mulheres para a atividade?

“Às vezes a gente pensa: ‘Poxa, eu estou fazendo a menina vir para o bar, para fazer programa’. Eu já passei por aquilo e a gente sabe que não é tão legal”, reflete.

“Mas eu penso: a menina tem uma família, às vezes tem filho para criar, e muitas delas vão para ajudar a criar a criança. Então a gente aceita.”

‘Instituições têm dificuldade de enxergar essas mulheres’

Marcela Ulhoa, do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, explica que a naturalização é um dos fatores que dificultam a ação das autoridades locais no combate à violência contra as mulheres nos garimpos.

“As instituições têm dificuldade de enxergar a situação dessas mulheres pelo viés do tráfico de pessoas e da exploração sexual”, afirma.

Entre os elementos que caracterizam esses crimes, explica ela, estão o agenciamento, transporte e alojamento dessas mulheres, a situação de vulnerabilidade e o endividamento. Ela observa que esse trânsito de mulheres não ocorre só no Brasil, mas também em países vizinhos como Guiana, Suriname e Guiana Francesa, com muitas venezuelanas também envolvidas na prostituição.

“As pessoas e as instituições consideram o fato de que a mulher está ali porque quer e isso é uma barreira para o entendimento de que ela quer, mas há uma situação de vulnerabilidade muito grande por trás desse querer.”

“Hoje há um grande gargalo que é a identificação [dos crimes de tráfico de pessoas e exploração sexual nos garimpos]”, afirma a especialista.

“Você não identifica o problema, não consegue mensurar, não tem registro dele. É como se não existisse.”

Segundo a porta-voz do escritório da ONU, isso fica evidente na ausência de estatísticas sobre o trabalho das mulheres nas regiões garimpeiras.

O governo não sabe sequer quantos garimpeiros atuam no país — documento oficial recente afirma que as estimativas variam de 80 mil a 800 mil.

Brasil é o 14º maior produtor de ouro do mundo, com as exportações brasileiras do metal movimentando US$ 3,5 bilhões (R$ 21,2 bilhões ao câmbio atual) em 2023

Questionado pela BBC, o Ministério da Justiça e Segurança Pública reconhece a falta de dados. A pasta, porém, enfatiza os esforços para enfrentamento ao tráfico de pessoas e à exploração sexual em garimpos, incluindo operações conjuntas, parcerias com organizações internacionais e campanhas de conscientização.

Já governo do Pará afirma que a Polícia Civil do Estado apura denúncias de exploração sexual na região e realizou neste ano operação para investigar possíveis crimes em garimpos e promover a conscientização da comunidade.

Uma características do trabalho atual das mulheres no garimpo é que muitas delas são atraídas por anúncios nas redes sociais, como Facebook e WhatsApp.

No Brasil, prostituir-se não é crime, mas atrair alguém para a prostituição, facilitá-la ou manter casa de prostituição são crimes previstos pelo Código Penal.

Questionada, a Meta, controladora do Facebook, afirmou que as políticas da rede social não permitem oferta ou solicitação de atividade sexual, e que coopera com as autoridades locais. O WhatsApp afirmou que, devido à criptografia, não tem acesso ao conteúdo das mensagens e não realiza moderação de conteúdo.

Marcela Ulhoa observa que há um ciclo de pobreza que se perpetua entre as gerações na Amazônia, que cria as condições de vulnerabilidade que levam as mulheres ao trabalho nos garimpos.

“Estamos falando de comunidades às vezes com 5 mil, 6 mil pessoas, onde só há o Ensino Fundamental. Não tem nem o Ensino Médio, não tem uma atividade de lazer para as crianças, não tem nada. Então a criança vai crescer e qual a única coisa que vai sobrar para ela? Trabalhar com garimpo.”

‘Eu não sei mais o que é sonho’

Filha e neta de garimpeiros, Raiele nasceu e morreu nos garimpos de Itaituba

Raiele da Silva Santos foi uma dessas crianças nascidas e criadas no garimpo. A filha caçula de uma família de cinco irmãos, todos nascidos na comunidade do Penedo, nas margens do Tapajós.

Rosilda da Silva Carvalho, a mãe de Raiele, veio do Maranhão aos 20 e poucos anos, atraída pela irmã com promessas de riqueza nos garimpos do Pará.

No Penedo, conheceu o pai de seus filhos e um cotidiano de violência doméstica.

Após se separar, e passando dificuldades para sustentar a família, decidiu tentar a sorte nos garimpos da Guiana Francesa.

“Nós passamos quase 16 anos longe da nossa mãe”, lembra Railane, a irmã mais velha de Raiele.

“Ela foi viver a vida nesses garimpos longe, fora do Brasil, e nós ficamos com um e outro da família.”

A irmã mais velha conta que, aos 13 anos, Raiele começou a ir para os garimpos.

Antes dos 26 anos, casou-se três vezes e teve dois filhos, que também foram criados por conhecidos e parentes. Pouco antes de sua morte, estava novamente apaixonada e grávida, mas perdeu a criança ainda na barriga.

O corpo de Raiele foi encontrado no dia 31 de maio de 2023. Três dias antes, ela bebia com amigas num bar no garimpo Cuiú-Cuiú, quando um homem teria oferecido dinheiro para dormir com ela.

Ela teria dito que não, sendo levada pelas amigas já bastante alcoolizada para o quarto onde estava hospedada.

Foi neste quarto que seu corpo foi encontrado dias depois, em avançado estado de decomposição e com sinais de violência. O local mostrava evidências de luta corporal e havia presença de sangue humano em diversos objetos, conforme a perícia realizada pela polícia civil.

Um homem foi preso como suspeito pelo assassinato de Raiele. Ao serem contatados pela BBC News Brasil, seus advogados preferiram não se manifestar. Nos autos do processo, ele nega todas as acusações.

A morte de Raiele gerou uma incomum onda de protestos em Itaituba, pedindo por Justiça e chamando atenção para a violência contra as mulheres na região.

O caso, porém, não ganhou a atenção da imprensa nacional ou teve qualquer repercussão para além do noticiário policial local.

A última vez em que o garimpo Cuiú-Cuiú chegou às manchetes foi no início dos anos 1990, quando o jornalista Gilberto Dimenstein (1956-2020), então da Folha de S. Paulo, revelou a realidade da prostituição de meninas nos garimpos à época.

Hoje, a prostituição infantil é menos comum na região, devido à ação das autoridades locais, mas a violência contra as mulheres segue acontecendo.

De volta ao Brasil após 15 anos nos garimpos da Guiana Francesa, a mãe de Raiele agora cuida dos dois netos órfãos.

A casa de madeira onde ela vive de aluguel em uma vila na região garimpeira de Itaituba não tem móveis na sala, apenas um tapete e uma televisão. No quarto, ela divide a cama que lhe foi doada com a neta mais velha.

‘A Justiça no Brasil é muito lenta’, diz Rosilda, que sonha com uma casa própria para viver e cuidar dos netos, agora órfãos

“Logo que eu cheguei aqui, nós dormíamos no chão. Aí eu ganhei essa cama, agora a menina dorme comigo nela e o menino dorme na rede”, diz Rosilda.

Ela conta que tem dificuldade para dormir à noite, pensando em justiça para a filha caçula. “Vejo anoitecer, vejo amanhecer… Eu não sei mais o que é sonho.”

No celular, ela guarda as fotos brutais do corpo de Raiele, que circularam nas redes sociais após a morte da filha.

“As pessoas me perguntam: ‘Por que a senhora não apaga isso?’ Não vou apagar porque, um dia, se quiserem libertar ele [o suspeito do crime], eu tenho como mostrar o que ele fez com a minha filha”, diz Rosilda.

“A Justiça no Brasil é muito lenta.”

Mais de um ano e meio após a morte de Raiele, o caso ainda não foi a julgamento.

‘Essa vida eu não quero para os meus filhos’

Segundo Marcela Ulhoa, do UNODC, para mudar o cotidiano de violência enfrentado pelas mulheres nos garimpos da Amazônia é preciso uma combinação de conscientização das comunidades e das autoridades locais, com mais oportunidades de educação e de trabalho para as mulheres.

Ela destaca, porém, que uma política para ampliar as oportunidades para as mulheres de baixa renda na Amazônia precisa levar em conta a questão do cuidado.

“Não é só emprego, é entender que às vezes essa mulher é uma mãe solteira de cinco filhos. Mesmo que ela tenha emprego, com quem ela vai deixar os filhos? É uma questão de emprego e renda, mas é também algo muito mais complexo.”

Pensando nos filhos, Dayane quer voltar uma última vez ao garimpo. Ela planeja juntar dinheiro para um dia ter um negócio próprio, uma lanchonete na cidade.

“Eu ainda não tenho condições de realizar esse sonho. Ainda vou ter que voltar mais uns dois, três meses para o garimpo, mas eu não tenho mais saúde para trabalhar assim. Quero parar e investir nos meus filhos agora.”

Após sua experiência como “dona do cabaré”, Natalia voltou a viver na cidade, para ajudar a cuidar das duas filhas de seu irmão, morto num acidente de carro.

Com o dinheiro que ganhou no garimpo, ela construiu sua casa e comprou uma moto. Agora sonha com um dia fazer uma faculdade.

‘Eu não quero que meus filhos aprendam o que o garimpo ensina’, diz Railane

Railane, a irmã mais velha de Raiele, é mãe de três filhos e também sonha para eles uma vida longe dos garimpos.

“Eu estou aqui porque minha mãe não me passou essa visão, ela me ofereceu aquilo que ela vivia e eu aprendi a viver da mesma forma. Essa vida eu não quero para os meus filhos.”

Para os filhos de Raiele, agora sob os cuidados da avó, ela também deseja uma vida longe dali.

“Eu não quero que eles aprendam o que esse local [o garimpo] ensina. Se você vai aqui no centro, vê cabaré, homem bêbado, prostituta. Não tem como uma criança crescer com outras vontades.”

“Então talvez tudo isso tenha acontecido para a gente tentar fazer dos filhos dela algo diferente.”

Com a colaboração de Carla Rosch e Caroline Souza, da equipe de jornalismo visual da BBC.

DF tem cinco projetos premiados na 2ª edição do Periferia Viva

O Distrito Federal tem cinco projetos premiados na 2ª edição do Prêmio Periferia Viva. As iniciativas são um recorte das atividades que ressaltam o movimento constante nas periferias de Brasília.

Os projetos vencedores são: Associação Mulheres Poderosas de Santa Luzia, que atua na área de economia criativa e redes solidárias na Estrutural; Casa de Onijá, espaço de acolhimento da comunidade LGBTQIAP+, com vivência Ballroom, ocupação e transformação dos espaços periféricos em Taguatinga; Favela Gastronômica, que foca na gestão comunitária de riscos e empreendedorismo gastronômico; Invenção no Mercado Sul, que promove cultura e identidade periférica também em Taguatinga; e o Projeto Prato Verde Sustentável Plantando Esperança, com educação ambiental e alimentar por meio das hortas comunitárias em Samambaia e Planaltina

Os projetos premiados estão localizados na região do Entorno, Cidade Estrutural, Taguatinga, Planaltina e Samambaia e são, em sua maioria, espaços e bairros oriundos de ocupações.

PL que cria cadastro de devedores contumazes deve ser votado até o fim do ano

A versão final do Projeto de Lei (PL) 15/2024, que cria cadastro fiscal de devedores contumazes, deve ser apresentado nesta terça-feira (3/12). Segundo o relator, o deputado Danilo Forte (União-CE), o texto final será apresentado após uma reunião entre a Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) e a Secretaria da Receita, no Ministério da Fazenda.

Em tramitação na Câmara dos Deputados desde fevereiro, quando foi protocolada, os parlamentares à favor da criação do cadastro fiscal de devedores contumazes querem agilizar a votação na Casa para que seja aprovada antes do fim do ano.

A celeridade com a proposta já tem anuidade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como informou Danilo na noite desta segunda-feira (2/12), em um jantar com jornalistas. “O momento, a conjuntura, é muito apropriado tanto do ponto de vista social quanto econômico”, disse. “Este é um problema que já vem há séculos e que foram tomando proporções muito grandes. Com o crescimento do crime organizado, tomou um rumo muito maior e muito predatório pra economia brasileira”, declarou.

Segundo o relator do PL, a legislação atual que rege a gestão das dívidas do empresariado desestimula os honestos a criarem empresas saudáveis por um lado, enquanto, de outro, fortalece o enriquecimento ilícito.

O deputado destaca que a urgência na aprovação do PL se dá devido ao “momento de dificuldade” vivido pelo país quanto ao quadro fiscal, uma vez que, segundo ele, a criação de novas regras para caracterizar e qualificar o devedor contumaz vai impactar a arrecadação do governo federal, por meio de mecanismos que estimule o crescimento.

A expectativa calculada pelo setor, como informou Danilo, é que a mudança pode gerar uma receita anual de aproximadamente R$ 22 bilhões.

O PL apresenta ao governo um instrumento que crie aumento na arrecadação sem que haja necessidade de aumentar impostos. “Não vamos ter um recebimento imediato, mas com certeza na inibição da atividade criminosa já estimula uma competição saudável e um comportamento mais saudável por parte dos setores envolvidos”, pontuou.

O projeto propõe a criação de quatro programas para estimular a adesão voluntária de empresas à governança tributária; avaliar e classificar contribuintes com base em critérios de conformidade; facilitar operações com o comércio exterior; e quitação antecipada de parcelamentos de débitos. Os programas serão chamados de Confia, Sintonia, Programa OEA e QuitaFazenda.

Danilo Forte define os programas como “modelos de diálogo” para trazer uma perspectivas para os contribuintes que queriam negociar, e possam fazê-lo de forma a “estimular os bons pagadores”: “Esse é o objetivo do programa”. Ele acrescenta que a proposta de anistiar dívidas de até R$ 10 mil vai trazer economia para os cofres públicos, uma vez que “sai mais barato do que cobrá-las judicialmente”

Outro ponto do PL defendido pelo deputado é detalhar os critérios para enquadrar o devedor contumaz, por meio de característica e personalização. E, a partir disso, aplicar mecanismos punitivos. “Se não tiver punição, a lei não cumpre seus objetivos”, disse. Segundo ele, o texto é parte de uma construção de diálogo com setor produtivo, e com o governo, e que passará pelos últimos ajustes na reunião desta terça.

Para quarto mandato, Paes anuncia ‘choque de civilidade’ de gabinete de transição

O prefeito Eduardo Paes apresentou, na manhã desta segunda-feira, o grupo de trabalho para a transição do governo. O vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere, coordenará a passagem para o quarto mandato, e este mês acumula a função com o mandato de deputado estadual. Paes anunciou a criação de um choque de civilidade, o que seria mais que um choque de ordem na cidade. Leandro Matielle, ex-secretário de Ordem Pública, foi o primeiro nome divulgado para a nova administração do prefeito Eduardo Paes, e será mantido em 2025. Ele substitui Cavaliere na Casa Civil.

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— O choque de ordem pressupõe o monopólio da força ao cidadão. Mas a civilidade tem a ver com atitude. É mais amplo. Respeita as ordens, mais a civilidade. Motociclistas entrando na contramão e parando nas calçadas para fazer entregas, é um dos casos. Vamos acionar o iFood da vida para notificar se não der tempo. Civilidade tem a ver menos egoísmo nas caixas de som nas praias com alto-falante e outro ouvindo o som. Esse gabinete vai anunciar mais medidas efetivas. Vamos detalhar mais a frente — disse Paes.

Na semana passada, Paes disse que Cavaliere terá papel ativo, mas não assumirá qualquer secretaria. Ele antecipou que pretende criar uma nova pasta: a Secretaria de Empreendedorismo e Cidadania.

As reuniões do gabinete de transição do governo serão no prédio do Impatec, na Zona Portuária. O prefeito falou sobre as expectativas para o quarto mandato, que tem início em 2025:

— Temos a clareza que vivemos outro momento, temos que nos renovar. A população não deu um cheque em branco. Daremos continuidade às boas políticas. Mas esse é o novo governo, avaliar que políticas devem ser continuadas. Vamos fazer uma leitura externa, o que vamos convocar. É tempo mais que suficiente para avaliar desafios da cidade — disse Paes.

A coordenação política para negociar com os partidos cargos na nova gestão será com o deputado federal Pedro Paulo Carvalho Teixeira, presidente estadual do PSD.

— Meu papel nessa transição será olhar a boa política. Ninguém governa sozinho. Fazemos as composições pelas escolhas dos partidos, mas com o prefeito tendo o poder de veto. Tínhamos um plano que apresentamos ao TRE — disse Pedro Paulo.

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Sobre o novo secretariado, o deputado Pedro Paulo disse que pretende ter todos os nomes da nova equipe antes do Natal. Ele já conversou com Podemos, Solidariedade e PSB, e hoje tem reuniões com o PT e o PDT. Na reorganização administrativa, não deverá ser reduzida. A equipe de transição é formada ainda por Fernanda Mofati, subsecretária de Planejamento e Acompanhamento de Resultados, e Rafaela Bastos, presidente da Fundação João Goulart.

A tendência é que Daniel Soranz, atual secretário de Saúde, e Renan Ferreirinha, à frente da pasta de Educação, sejam mantidos.

O deputado federal Ottoni de Paula (MDB), caso não seja nomeado para alguma pasta, deverá fazer uma indicação pelo seu papel na campanha de aproximar Paes ao eleitorado evangélico. Ottoni pode não ter cargo diretamente porque está cotado para o novo Ministério de Cidadania e Família numa reforma promovida pelo presidente Lula ou como novo líder da bancada evangélica no Congresso.

Cavaliere explicou como será feita a transição:

— Faremos um diagnóstico da gestão 2021-2024, incluindo temas sobre a situação fiscal.

A transição vai funcionar desta segunda-feira até 30 de dezembro. Na próxima sexta-feira (6) haverá a última reunião do Conselho da Cidade para discutir o futuro da gestão. O governo trabalhará por eixos temáticos:

Equilíbrio fiscal, boa gestão e governo. Está definido que o Acordo de Resultados, que concede uma espécie de 14º salário, será mantido. Civilidade e seguranças. Foi debatido na campanha de 2024. Estabelecer com a sociedade e os órgãos. Inclui regras de trânsito, com novo papel da Guarda Municipal. Plano de expansão da CIVITAS, de vídeomonitoramento, em funcionamento no Centro de Operações Rio (COR). Futuro, economia e felicidade. “Venham ser felizes no Rio de Janeiro. Para isso, vamos necessitar de muita política pública. Esse eixo terá meio ambiente, cultura”, disse Cavalieri. Longevidade, equidade e humanidade. Infraestrutura, prevenção a desastres e resiliência sobre a ótica das cidades.

Sobre o projeto de lei que arma a Guarda Municipal, Paes disse que a discussão, há anos em tramitação na Câmara do Rio, ficará para 2025. Segundo ele, a prioridade será aprovar ainda este ano o projeto do IPTU progressivo e as mudanças no Estatuto do Servidor Público, inclusive as regras da contagem das horas aula dos professores.

Paes reiterou que continuará à frente da prefeitura até o fim do mandato, em 2028. Desde a campanha especula-se que ele pode renunciar ao cargo para disputar o Palácio Guanabara em 2026.

Na semana passada, Eduardo Paes disse, durante o seminário “Caminhos do Rio”, promovido pelos jornais O Globo e EXTRA, que dará início, a partir desta segunda-feira, a um gabinete de transição para o quarto mandato.

Um dos papéis do escritório de transição será a criação de um programa para desapropriação de galpões e depósitos abandonados no entorno da Avenida Brasil. Essas áreas seriam renegociadas com o setor privado, para a abertura de estabelecimentos comerciais, por exemplo. Sobre o projeto Reviver Centro para mudar o perfil da região e atrair moradores, Paes avaliou, durante o seminário, o resultado como positivo.

De olho no futuro

Sobre a candidatura do Rio e de Niterói para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031, Paes disse que ainda não conversou com o presidente Lula sobre o tema. Hoje, há apenas duas pré-candidatas: São Paulo e Assunção, no Paraguai. Cada país só pode fazer uma indicação.

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Pesquisa aponta Tarcísio à frente de Marçal e Márcio França na eleição para governo de SP

Se as próximas eleições para o governo de São Paulo fossem hoje, o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria 40,5% das intenções de voto na tentativa de reeleição, à frente do influenciador Pablo Marçal (PRTB), com 20,5%, e do ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), com 12,6%. As informações são de levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta quinta-feira (21).

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Neste cenário, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), teria 7,7% e o ex-secretário Filipe Sabará (sem partido), com 1,4%. Os votos brancos, nulos ou indecisos somam 12,2% e 5% declararam não saber ou não quiseram responder. A eleição está marcada para outubro de 2026.

Em uma segunda simulação, sem a candidatura de Tarcísio, Pablo Marçal aparece como favorito, com 28,3%, pouco à frente de Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, com 27,2%. Márcio França também está em terceiro nesse cenário, com 14,6%.

Já em uma simulação sem Tarcísio e Nunes, Pablo Marçal continua na liderança, com 32,5%, seguido de Márcio França, com 17%, e Guilherme Derrite, secretário estadual de Segurança Pública, com 9,4%.

O levantamento foi realizado entre os dias 15 e 19 de novembro e ouviu 1.684 eleitores de 88 municípios paulistas. A margem de erro é de 2,4 pontos porcentuais, com nível de confiança de 95%.

Aprovação do governo Tarcísio

A pesquisa também apontou que 68,8% dos eleitores aprovam a gestão de Tarcísio de Freitas, enquanto 26,7% desaprovam. Outros 4,5% não souberam ou quiseram opinar. Já sobre o desempenho da administração, 17,8% dos participantes consideraram “ótima” e 33,8% “boa”, somando 51,6% de avaliações positivas. A gestão foi classificada como “regular” por 28%, enquanto 7,4% a consideraram “ruim” e 10,7%, “péssima”.

No recorte demográfico, o governador apresenta melhor desempenho entre homens, pessoas de 35 a 44 anos, com ensino médio completo e moradores do interior do Estado.

Moradores do Entorno aumentam procura por empregos em Brasília

Cada vez mais moradores do Entorno procuram emprego no Distrito Federal. Um em cada cinco candidatos inscritos em processos na plataforma de inteligência artificial Recrut.AI é de cidades ao redor do DF.

Grandes varejistas usam a ferramenta para recrutar trabalhadores. Segundo os dados da empresa, nos processos seletivos abertos neste momento, 20,5% dos inscritos são do Entorno. Há seis meses, o percentual era de 6,8%.

O fato de a tecnologia começar a ser usada para recrutar profissionais para cargos operacionais e a popularização de processos automatizados contribuem para o aumento da demanda.

“Esse movimento nos chamou a atenção porque é um número muito alto na comparação com outros estados, mas entendemos que é uma realidade das cidades-dormitórios do Entorno”, afirma o CEO da Recrut.AI, Patrick Gouy.

“A dinâmica do mercado de trabalho está acelerada, mas o que temos percebido é que cada região tem uma dinâmica própria bem diferente das demais. É o caso do DF”, completa.

Brasília terá um aumento na oferta de assentos para voos internacionais. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), serão 36,8% vagas a mais no verão a partir do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck, em comparação com o ano passado.

As empresas vão ofertar voos de Brasília para Santiago (Chile), Lima (Peru), Cancún (México), Bogotá (Colômbia), Orlando e Miami (EUA). No doméstico, a oferta cresceu 12,4%.

Em todo o Brasil, a oferta de assentos cresceu 12% na alta temporada de verão. As empresas estão disponibilizando 29,8 milhões de assentos para voos domésticos e internacionais, distribuídos em 184 mil voos durante o período.

Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), serão 36,8% vagas a mais no verão a partir do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck, em comparação com o ano passado

Para incentivar a conquista da autonomia financeira feminina, a Câmara Legislativa do DF promove hoje um grande encontro com especialistas no tema de mulheres que já empreendem ou que querem entrar no mundo dos negócios.

O “Empreendedorismo Feminino em Pauta — Women Development Summit (WDS) 2024” abordará temas, como inteligência artificial, capitalismo e crescimento empresarial.

O evento começa às 13h30, no auditório, com o credenciamento do público. A iniciativa é da deputada Paula Belmonte (Cidadania) em parceria com entidades do setor. “Queremos oferecer uma oportunidade para a troca de informações entre as mulheres, encorajar e despertar o espírito empreendedor”, destaca a distrital.

Confira a programação

Paula Belmonte fará a abertura do encontro na Câmara Legislativa

Estimativa feita pela Fecomércio-DF em relação ao valor que será injetado na economia do DF com a Black Friday, no próximo dia 29. Análise comportamental divulgada pelo Google indica que o interesse do usuário nas buscas por produtos começa a aumentar gradativamente a partir da segunda-feira que antecede a data, com ápice a partir das 12h de quinta-feira e madrugada e manhã da própria sexta-feira.

A Embaixada do Reino dos Países Baixos promove hoje o projeto “Jimp & Janneke — duas crianças da Holanda e o lobo-guará”. A partir das 9h, haverá um evento exclusivo para alunos da Escola Classe 26 de setembro, em Taguatinga. Na quarta que vem, novas sessões, abertas ao público e com entrada franca, serão realizadas na Biblioteca Demonstrativa, na 506/507 Sul, às 14h e às 17h30.

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Servidor é exonerado da Secretaria de Trabalho após operação do MP

O Governo do Distrito Federal (GDF) exonerou um servidor alvo da operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na manhã desta terça-feira (12/11) sobre o possível uso indevido de verbas públicas provenientes de emendas parlamentares para a realização da Expotchê 2021.

O nome de Genesis Cavalcante Mendes Beltrão consta em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Ele ocupava a função de chefe da Assessoria Especial de Projetos, Fomento e Captação de Recursos da Secretaria de Trabalho. A função agora será ocupada por outro servidor, Ítalo Jorge Lobo de Souza. A decisão foi assinada pela governadora em exercício Celina Leão (PP).

A operação, denominada “Transpasse”, foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e apontou para o uso indevido de recursos públicos pelo Instituto de Desenvolvimento Humano, Empreendedorismo, Inovação e Assistência Social (Idheias Brasil), uma Organização da Sociedade Civil (OSC) contratada pela Secretaria de Turismo (Setur) para organizar o evento.

Como OSC, o Idheias pode ser contratado pelo Poder Público sem licitação. No entanto, segundo o MP, o instituto teria se apresentado para executar a Expotchê com o único objetivo de obter ganhos ilícitos, pois, após a assinatura do termo de fomento com a Setur, teria repassado a execução do evento a outra empresa. O tipo de ação é visto por investigadores como uma prática de “testa-de-ferro”.

A operação foi deflagrada com base em provas compartilhadas da Operação Tenebris, realizada em 2022 e autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Naquela ocasião, o Idheias já havia sido alvo do MPDFT por suspeitas de irregularidades na execução do projeto Brasília Iluminada.

Apesar de mandados terem sido cumpridos na Câmara Legislativa (CLDF), na Setur e em endereços ligados ao instituto em Goiânia (GO), nenhum parlamentar foi alvo da operação desta terça-feira. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) também participou da operação.

A reportagem procurou o instituto e a empresa responsável pelo evento, mas não obteve resposta até o fechamento. Em nota, a Setur informou que a atual gestão está implementando programas de controle e capacitação de servidores para aprimorar a fiscalização. A pasta também informou que o servidor alvo da operação de hoje foi exonerado. “Os processos conduzidos pelo servidor serão objeto de averiguação por meio de sindicância e de tomada de contas especial para que eventuais prejuízos aos cofres do GDF sejam apurados”, explicou.

Já a CLDF afirmou, em nota, que prestou e prestará total apoio às investigações fornecendo todos os esclarecimentos necessários. “Eventuais desdobramentos ou irregularidades levantadas pelas investigações serão apurados pela Casa, tão logo sejam comunicados pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, com respeito ao devido processo e à observância aos princípios da ampla defesa e do contraditório”, disse a Casa.

O Correio não conseguiu localizar a defesa do servidor alvo da operação.

Lula recebe representantes do G20 Social no Planalto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (11/11) alguns representantes dos grupos de engajamento do G20 Social, no Palácio do Planalto. O encontro antecede momento de entrega de documento com recomendações dos representantes da sociedade civil no próximo sábado (16/11), no Rio de Janeiro (RJ).

“Dia de ouvir e receber as contribuições dos Grupos de Engajamento do G20 Social. A lista é grande, mas vale citar: grupos da sociedade civil, think tanks, juventude, mulheres, trabalho, ciências, startups, oceanos, business, parlamentos, tribunais de contas, cortes supremas, cidades e favelas. Todos focados em trazer soluções para problemas do cotidiano das pessoas e do planeta, com o olhar de especialistas e da população. É dialogando que vamos construir melhorias concretas para o futuro”, escreveu o presidente, nas redes sociais.

A criação de um espaço social dentro da programação do G20 foi uma inovação da presidência brasileira à frente do encontro internacional. A programação social inicia na próxima quinta-feira (14/11), no centro da capital carioca, com debates sobre a aliança global contra a fome, equidade de gênero, racial, participação das favelas nos espaços de decisão, entre outros.

“A gente está tentando democratizar e trazer um novo repertório de quem realmente tem que participar do processo porque os líderes vão discutir agendas que são sobre as nossas vidas, sobre os nossos interesses. Esse encontro com o presidente Lula é bom para demarcar esse compromisso de que baixou a lona do G20, a vida continua e a luta também”, declarou Preto Zezé, do G20 Favelas.

O presidente Lula receberá dos movimentos sociais, no sábado (16/11), um documento com pedidos da sociedade civil para prioridades de debate na Cúpula de Líderes do G20, que ocorre também no Rio, nos dias 18 e 19 de novembro.

Liniker e Alceu Valença se apresentam em Fortaleza em festival; confira todas as atrações

A cantora Liniker, que lançou este ano o álbum ‘Caju’, vai se apresentar em Fortaleza no dia 24 de novembro durante o Festival Elos. Alceu Valença também é nome confirmado no evento.

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A 6ª edição do Elos acontecerá nos próximos dias 23 e 24 de novembro em Fortaleza e, desta vez, o Aterrinho da Praia de Iracema será o palco principal de sua programação.

O festival também recebe nomes como Iara Pâmela, bloco Luxo da Aldeia, e mais.

Confira abaixo a programação completa:

🎼 Dia 1: sábado, 23 de novembro

Alceu Valença

Khrystal e Juliana Linhares convidam Josyara

O Cheiro do Queijo recebe Zé de Guerrilla e Carú Lina

Pra Quem Gosta é Bom convida Bloco Mambembe e Luxo da Aldeia

Cortejo Farra da Jangada

DJ Viúva Negra

Comme Inna Di Dance Sound System + convidados

🎼 Dia 2: domingo, 24 de novembro

Liniker

Samba e Água Fresca: Dipas, Gabi Nunes, Belinho e Theresa Raquel

Mulher Barbada recebe Camaleoa e Agê

Vanessa a Cantora, Iara Pâmella, Bete Nascimento e Daniella Campelo

DJ Silas

Comme Inna Di Dance Sound System + convidados

Além das atrações artísticas do palco principal, o Festival também contará com uma feira de empreendedorismo, uma arena de festas e apresentações de baterias de surf, na Estação Marítima – braço esportivo do Elos.

Assista aos vídeos mais vistos do Ceará: